Artigos

Críticas

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Oscar 2016: confira os vencedores da maior festa do cinema


Mad Max: Estrada da Fúria foi o maior vencedor da 88ª edição do Oscar, em 2016. Indicado para 10  estatuetas, conquistou 6, todas em categorias técnicas. O Regresso tinha 12 indicações e conquistou 3, sendo o de Melhor Fotografia; Melhor Diretor, para Alejandro González Iñárritu; e de Melhor Ator para Leonardo DiCaprio, que, após cinco indicações, finalmente conquistou o prêmio.

E, como não podia deixar de ser, ocorreram surpresas nas premiações: o prêmio de Melhor filme foi para Spotlight: Segredos Revelados. Embora estivesse entre os finalistas, não era considerado favorito e sua vitória - mais a do prêmio de Melhor Roteiro Original - acabou surpreendendo a muitos  Mark Rylance (A Ponte dos Espiões) conquistou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante superando Sylvester Stallone (Creed: Nascido Para Lutar), cuja vitória era tida como certa. Outra surpresa foi a vitória de Ex Machina na categoria de Efeitos Visuais vencendo os favoritos Mad Max: Estrada da Fúria, Perdido em Marte e Star Wars: O Despertar da Força. 

Já no prêmio de Melhor Atriz não houve surpresa: Brie Larson (O Quarto de Jack), conquistou o prêmio sem dificuldades. No prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, também não houve surpresa, visto que Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa) confirmou o seu favoritismo. Do mesmo modo, A Grande Aposta levou o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado. 

Os Oito Odiados levou o Oscar de Melhor Trilha Sonora, de autoria de Enio Morricone, que conquistou o prêmio em sua sexta indicação. 007 Contra Spectre ganhou o Oscar de Melhor Canção - Writing's On The Wall, interpretada por Sam Smith.

O Filho de Saul também confirmou seu favoritismo e conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Amy venceu o prêmio de Melhor Documentário e A Girl in the River: The Price of Forgiveness, o de Documentário de Curta-Metragem. Stutterer venceu o prêmio de Melhor Curta-Metragem. A animação chilena Bear Story conquistou o Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação.

Perdido em Marte e o badalado Star Wars: O Despertar da Força foram as grandes decepções. Indicados, respectivamente para 7 e 5 Oscars, não levaram nenhum.

Ainda não foi desta vez que o Brasil conquistou um "carequinha dourado":  o filme brasileiro O Menino e o Mundo, que concorria na categoria de Melhor Filme de Animação, foi derrotado pelo favorito Divertida Mente.

Veja aqui a lista dos indicados e vencedores do Oscar de 2016:

Melhor filme

 
A Grande Aposta
Ponte dos Espiões
Brooklyn
Mad Max: Estrada da Fúria
Perdido em Marte
O Regresso
O Quarto de Jack
Spotlight: Segredos Revelados

Melhor diretor


Adam McKay (A Grande Aposta)
George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria)
Alejandro González Iñárritu (O Regresso)
Lenny Abrahamson (O Quarto de Jack)
Tom McCarthy (Spotlight: Segredos Revelados)

Melhor atriz


Cate Blanchett (Carol)
Brie Larson (O Quarto de Jack)
Jennifer Lawrence (Joy: O Nome do Sucesso)
Charlotte Rampling (45 Anos)
Saoirse Ronan (Brooklyn)

Melhor ator


Bryan Cranston (Trumbo: Lista Negra)
Matt Damon (Perdido em Marte)
Leonardo DiCaprio (O Regresso)
Michael Fassbender (Steve Jobs)
Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa)

Melhor atriz coadjuvante


Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
Jennifer Jason Leigh (Os 8 Odiados)
Rachel McAdams (Spotlight)
Rooney Mara (Carol)
Kate Winslet (Steve Jobs)

Melhor ator coadjuvante


Christian Bale (A Grande Aposta)
Tom Hardy (O Regresso)
Mark Ruffalo (Spotlight)
Mark Rylance (Ponte dos Espiões)
Sylvester Stallone (Creed: Nascido Para Lutar)

Melhor roteiro original

 
Ponte dos Espiões
Ex Machina
Divertida Mente
Spotlight: Segredos Revelados
Straight Outta Compton

Melhor roteiro adaptado

 
A Grande Aposta
Perdido em Marte
O Quarto de Jack
Brooklyn
Carol

Melhor filme de animação


Anomalisa
O Menino e o Mundo
Divertida Mente
Shaun: O Carneiro
Quando Estou Com Marnie

Melhores efeitos visuais

 
Ex Machina
Mad Max: Estrada da Fúria
Perdido em Marte
O Regresso
Star Wars: O Despertar da Força

Melhor trilha sonora

 
Ponte dos Espiões
Carol
Os 8 Odiados
Sicario: Terra de Ninguém
Star Wars: O Despertar da Força

Melhor design de produção

 
Ponte dos Espiões
A Garota Dinamarquesa
Mad Max: Estrada da Fúria
Perdido em Marte
O Regresso

Melhor figurino

 
Carol
Cinderela
A Garota Dinamarquesa
Mad Max: Estrada da Fúria
O Regresso

Melhor documentário


Amy
Cartel Land,
The Look of Silence
What Happened, Miss Simone?
Winter of Fire
Melhor fotografia


Carol
Os 8 Odiados
Mad Max: Estrada da Fúria
O Regresso
Sicario: Terra de Ninguém

Melhor edição


Mad Max: Estrada da Fúria
O Regresso
Spotlight
A Grande Aposta
Star Wars: O Despertar da Força

Melhor edição de som


Sicario: Terra de Ninguém
Mad Max: Estrada da Fúria
Perdido em Marte
O Regresso
Star Wars: O Despertar da Força

Melhor mixagem de som


Ponte dos Espiões
Mad Max: Estrada da Fúria
Perdido em Marte
O Regresso
Star Wars: O Despertar da Força

Melhor cabelo e maquiagem


O Regresso
Mad Max: Estrada da Fúria
The 100-Year-Old-Man Who Climbed Out a Window and Disappeared

Melhor canção original


“Earned It” (Cinquenta Tons de Cinza)
“Manta Ray” (Racing Extinction)
“Til It Happens to You” (The Hunting Ground)
“Writing’s on the Wall” (007 Contra Spectre)
“Simple Song #3” (Youth)

Melhor filme estrangeiro


Mustang (França)
O Filho de Saul (Hungria)
Theeb (Jordânia)
A War (Dinamarca)
O Abraço da Serpente (Colômbia)

Melhor documentário de curta-metragem


Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah
A Girl in the River: The Price of Forgiveness
Last Day of Freedom
Body Team 12
Chau

Melhor curta-metragem


Ave Maria
Day One
Everything Will Be Okay (Alles Wird Gut)
Shok
Stutterer

Melhor curta-metragem de animação


Bear Story
Prologue
Sanjay’s Super Team
We Can’t Live Without Cosmos
World of Tomorrow

Publicado no LinkedIn em 29/02/2016.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Crítica | Orgulho e Preconceito e Zumbis

Poster Promocional de Orgulho e Preconceito e Zumbis


Não querendo ser redundante nem fazer um jogo de palavras, mas já a fazer, a moda dos filmes de zumbis canibais que assolou o cinema nos últimos anos tornou-se uma verdadeira praga. Tendo como sua principal referência o clássico A Noite dos Mortos-Vivos (1968), de George A. Romero (Martin), havia desde bons exemplares como, por exemplo, o remake de Dawn of the Dead (2004), do próprio Romero, dirigido por Zack Snyder (Batman vs Superman); filmes descartáveis como Zumbis na Neve (2009), comédias como Zumbilândia (2009), interessantes minisséries como In The Flesh (2014, na qual a epidemia zumbi é vista como um doença chamada “síndrome do falecimento parcial” e o personagem principal é um zumbi gay!) e a atual série de TV de sucesso The Walking Dead (2010- presente). Isso sem contar as suas variações tais como filmes sobre, vejam só, zumbis estupradores (que gerou a infame piada “comem duas vezes”) e até zumbis mórmons!
Eram tantos zumbis para cá e tantos zumbis para lá que eu, pessoalmente, já não aguentava mais ver e saber de novos filmes do gênero e nem mesmo escutar a palavra.
A literatura também embarcou na “zumbimania”. Foram lançados vários romances tendo o apocalipse zumbi como tema. Os mais conhecidos são Guerra Mundial Z, de Max Brooks, que gerou a superprodução de mesmo nome, em 2013; e Orgulho e Preconceito e Zumbis, de Seth Grahame-Smith (no Brasil, o livro foi lançado em 2010, pela Editora Intrínseca) no qual se baseia o filme que analisamos neste texto.
Fazendo uma releitura do romance clássico Orgulho e Preconceito da escritora inglesa Jane Austen (1775-1817), Orgulho e Preconceito e Zumbis conta a história de Elizabeth Bennet (a inglesa Lily James, de Cinderela) e suas quatro irmãs: a doce Jane (a australiana Bella Heathcote, de Sombras da Noite), a frívola Lydia (Ellie Bamber, da série de TV Os Mosqueteiros), a infantil Kitty (Suki Waterhouse, de A Série Divergente: Insurgente) e a estudiosa Mary (Millie Brady, de Lendas do Crime). Elas vivem com seus pais, o Sr. e a Sra. Bennet (interpretados, respectivamente por Charles Dance, da série Games of Thrones; e Sally Phillips, de O Diário de Bridget Jones) na propriedade chamada Longbourn.
São membros de uma típica família aristocrática inglesa do século XIX, não fosse o detalhe das irmãs Bennet serem exímias praticantes de artes marciais e no manejo das armas, especialmente Elizabeth, que teve seu treinamento realizado em um templo Shao Lin, na China. Esse treinamento em lutas e armas se deve ao fato da Inglaterra estar sendo assolada por uma praga que transforma as pessoas em zumbis, de modo que as famílias britânicas, principalmente as que moram no interior como os Bennet, devem estar sempre preparadas para enfrentar os impiedoso mortos-vivos.
Como toda a mãe que se preze, a Sra. Bennet deseja muito ver as suas filhas bem casadas, mesmo porque, pelas leis da época, as mulheres não tinham direito a herança, de modo que os bens do patriarca iam para o parente masculino mais próximo que, no caso dos Bennet, era o seu primo pastor, o pedante, afetado e pomposo Sr. Collins (Matt Smith, da série Doctor Who), que não se cansa de bajular sua matrona, a riquíssima e excepcional espadachim Lady Catherine de Bourgh (Lena Headey, de 300).
Um dia, a propriedade de Netherfield, próxima à dos Bennet, é adquirida pelo jovem cavalheiro Charles Bingley (Douglas Booth, da minissérie Grandes Esperanças), que logo se apaixona por Jane. Junto com ele estão a sua irmã, Caroline (a estadunidense Emma Greenwell, da série de TV Lei & Ordem: Unidade de Vítimas Especiais) e seu amigo Fitzwilliam Darcy (Sam Riley, de Control – A História de Ian Curtis), um coronel do exército inglês especializado em exterminar zumbis. Tido como orgulhoso, não é bem visto pela sociedade local, principalmente Elizabeth. Essa antipatia aumenta quando ela conhece o oficial George Wickham (Jack Houston, de Trem Noturno Para Lisboa), que acusa Darcy de prejudicá-lo em sua vida. Ele ganha a simpatia de Elizabeth e conta a ela que tem um plano para que humanos e zumbis possam viver harmoniosamente e em paz.
Orgulho e Preconceito é uma das mais populares obras da literatura mundial. No Reino Unido, é considerada como a segunda obra mais popular, perdendo apenas para a trilogia O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien. Recebeu várias adaptações para o teatro, o cinema e a televisão. No Brasil, as versões mais conhecidas são a minissérie da BBC, de 1995, que tem Colin Firth (Kingsman – Serviço Secreto) no papel do Sr. Darcy, em uma brilhante interpretação; enquanto que a outra versão é o filme feito para o cinema, em 2005, com Keira Knightley (franquia Piratas do Caribe), também com uma excepcional atuação como Elizabeth Bennet, tendo sido, inclusive, indicada para o Oscar.
Esse sucesso não é difícil de entender. Jane Austen elaborou muito bem os seus personagens, que são todos bastante humanos, de modo que os leitores tenham os seus favoritos. E, além disso, quem já leu a obra de Austen sabe: parece um roteiro feito especialmente para o cinema com cerca de 100 anos de antecedência, a ponto de os diretores adorarem trabalhar com essa obra, pois quase não têm trabalho de adaptá-la para as telas.
Eu li o livro de Austen, mas, confesso que não li o livro de Grahame-Smith. Porém, ainda assim, é possível perceber que, embora seja uma releitura ao mesmo tempo satírica e trash da obra original, é também uma homenagem respeitosa a autora e sua obra. É possível que, ao lerem isto, os puristas estejam espumando de ódio. Entretanto, ao se ver o filme pode-se perceber que é mesmo assim.
A premissa básica do livro de Grahame-Smith continua a mesma do original de Austen, com a diferença que os zumbis foram acrescentados na história. Quem lê o resumo de Orgulho e Preconceito e Zumbis pode até pensar que colocar os zumbis na trama foi uma ideia de jerico. Porém, ao se assistir o filme, essa mesma trama soa tão original e corre de modo tão fluente a ponto de se achar que foi Austen, e não Grahame-Smith, quem teve a ideia.
O diretor estadunidense Burr Steer é um nome ainda novo em Hollywood – este é apenas o seu quarto filme. É mais conhecido pelos filmes que fez com o então astro juvenil Zac Efron (High School Musical) em filmes como 17 Outra vez e Charlie St. Cloud. Em Orgulho e Preconceito e Zumbis, seu trabalho na direção está excelente, tanto na direção de atores como nas cenas cômicas e de ação. Para mim esse trabalho se destaca mais nas cenas do Sr. Collins – de quem falaremos mais adiante - e, como não poderia deixar de ser, nas cenas entre Elizabeth e o Sr. Darcy. Se continuar com essa pegada, é só uma questão de tempo para Steer ser promovido ao primeiro time hollywoodiano.
A produção de época é precisa, suntuosa e refinada, aliada à ótima fotografia de Remi Adefarasin (Match Point). A trilha sonora do espanhol Fernando Velásquez (O Impossível) consegue construir o clima sofisticado da aristocracia britânica da época.
Porém, o ponto forte de Orgulho e Preconceito e Zumbis, é, sem duvida, o seu elenco. Toda essa produção cara em figurinos, cenários e efeitos especiais não seriam nada se não tivessem atores e atrizes de talento e comprometidos com o trabalho.
Vamos começar com Lily James. Ela comprova que é mesmo uma atriz em rápida ascensão (veja aqui). Ela é bonita, simpática e muito competente. Lily faz uma Elizabeth Bennet tal como os fãs de Jane Austen imaginam: irônica e de forte personalidade e, além disso, uma implacável exterminadora de zumbis! Ela consegue ser tanto romântica quanto engraçada e tudo feito com a maior naturalidade. Ao ver o filme, Natalie Portman (saga Star Wars), que foi a primeira a ser cogitada para o papel, deve estar agora arrependida e chutando o próprio traseiro – mesmo sendo uma das produtoras do filme.
Não seria justo comparar o Sr. Darcy de Sam Riley com o de Colin Firth, mesmo porque este está em um nível bastante acima da maioria dos atores. Ainda assim, Riley não faz feio. Consegue transmitir aquele orgulho impossível de se aguentar tanto para Elizabeth quanto para a plateia. Assim como Lily, Sam faz a sua parte com muita competência.
Mas, para a agradável surpresa de todos, quem “rouba” as cenas sempre que aparece é o atual namorado de Lily James, Matt Smith. Ele tem aquela cara esquisita, aliás, parece um extraterrestre, a ponto de ser considerado um dos melhores intérpretes de Dr. Who. Mas, essa esquisitice não atrapalha a sua performance em Orgulho e Preconceito e Zumbis. Sinceramente, eu achava que, como namorado da estrela do filme, ele seria um coadjuvante de luxo. Felizmente eu me enganei, pois ele está um estouro, engraçadíssimo. Impossível não rir. O Sr. Collins de Matt Smith chega a lembrar de outro engraçado personagem da literatura: o Conselheiro Acácio, do romance O Primo Basílio, de autoria do grande escritor lusitano Eça de Queiróz.
Gostaria de fazer uma menção honrosa ao casal Bennet de Charles Dance e Sally Phillips. Embora no filme tenha menos destaque que o Sr. Collins, tanto no romance quanto nas adaptações feitas anteriormente, o casal Bennet continua um barato! A Sra. Bennet doida para casar as filhas com um bom partido, enquanto o Sr. Bennet ironiza o comportamento da esposa. A cena na qual, após Elizabeth recusar o pedido de casamento do Sr. Collins, a Sra. Bennet, aos berros, exige que o Sr. Bennet faça a filha mudar de ideia é uma das melhores do filme.
O ótimo Jack Houston mostrou que o seu George Wickham, além de um fingido, e um vilão de primeiríssima linha, a ponto de ter um grande destaque ao final do filme. O neto de John Houston (O Tesouro de Sierra Madre) e sobrinho de Anjelica Houston (Os Imorais) não dá mesmo ponto sem nó.
O Sr. Bingley e Jane Bennet fazem aquilo que se espera deles: serem um dos pares românticos do filme. Douglas Booth e Bella Heathcote formam um casal bonito e suas performances não comprometem.
Em um artigo anterior, eu disse que Orgulho e Preconceito e Zumbis era candidato a ser um dos filmes que poderiam surpreender em 2016 (veja aqui). Ele é isso e mais: é emocionante, engraçado e muito divertido, no qual os astros são os humanos ao invés dos zumbis. Quem for assistir, não vai se arrepender e ainda é capaz de querer voltar à sala de projeção para assistir novamente.

FICHA TÉCNICA
  • Título Original: Pride & Prejudice & Zombies
  • Direção: Burr Sterr
  • Elenco: Lily James (Elizabeth Bennet), Sam Riley (Sr. Darcy), Matt Smith (Sr. Collins), Jack Houston (George Wickham), Douglas Booth (Sr. Bingley), Bella Heathcote (Jane Bennet), Charles Dance (Sr. Bennet), Sally Phillips (Sra. Bennet), Lena Headey (Lady Catherine de Bourgh)
  • Música: Fernando Velásquez
  • Fotografia: Remi Adefarasin

RESUMO DO FILME
Elizabeth Bennet é uma jovem bela e exímia praticante de artes marciais e no manejo de armas. Quando uma praga começa a transformar as pessoas em zumbis canibais, Elizabeth terá que usar todas as suas habilidades para combater esse mal em companhia do orgulhoso Sr. Darcy.

COTAÇÃO
Excelente. 

Veja aqui o trailer oficial de Orgulho e Preconceito e Zumbis (Legendado - HD):


Publicado no Observatório do Cinema e no LinkedIn em 24/02/2016.






quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Crítica | Horas Decisivas

Poster Promocional de Horas Decisivas


São nas adversidades e, algumas vezes, em pessoas que não inspiram muita confiança, que a coragem e o senso de dever afloram. Essas são as premissas iniciais do surpreendente filme Horas Decisivas, do diretor australiano Craig Gilesppie (Em Pé de Guerra).
Bernie Weller (Chris Pine, da franquia Star Trek) é um oficial da guarda costeira dos EUA relutante, mas muito eficiente, que sempre segue os regulamentos e vive em uma pequena cidade do litoral de Massachussets, ao norte do país. Ele tem um relacionamento com a bonita Miriam (a inglesa Holliday Granger, de Cinderela), de personalidade forte e que trabalha como telefonista. Ambos se conheceram em 1951, em um encontro às escuras, apaixonaram-se à primeira vista, namoraram durante um ano e ficaram noivos.
Em 1952, o navio petroleiro SS Pendleton retorna para casa em meio a uma terrível tempestade, que acaba por, literalmente, rachar o navio ao meio. Com apenas metade do navio e da tripulação, o impopular engenheiro-chefe Ray Sybert (Casey Affleck, de O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford) assume o comando e tenta levar o que sobrou da embarcação o mais próximo possível da costa para que sejam resgatados.
Ao tomar conhecimento do acidente, o comandante da guarda costeira Daniel Cluff (o australiano Eric Bana, de Tróia) ordena que Bernie constitua uma tripulação para resgatar a tripulação do Pendleton. Entre os escolhidos está o oficial Richard Livesey (Ben Foster, de O Grande Herói) que não confia em Bernie devido a um erro que este cometeu no passado. Os oficiais devem correr contra o tempo e o furioso temporal para poderem efetuar o resgate.
Baseado no livro The Finest Hours, dos escritores estadunidenses Casey Sherman e Michael J. Tougias, Horas Decisivas foi uma surpresa para mim em todos os sentidos. Confesso que achava que seria apenas mais um filme de ação como dezenas de outros que aparecem todos os anos, mas, para grande satisfação minha e dos apreciadores de um bom filme, Horas Decisivas vai muito além.
Craig Gilesppie é ainda um nome não tão conhecido do grande público em geral. Começou sua carreira na publicidade – fazia comerciais de televisão – e seus trabalhos mais conhecidos no Brasil são a série de TV United States of Tara (2009-2011) e o remake d’ A Hora do Espanto (2011). Ainda não é considerado um nome do primeiro time de Hollywood, mas, após este filme, é bem possível que essa situação mude.
Seu trabalho de direção está firme e seguro na direção de atores e nas cenas de ação que, aliás, são emocionantes. É um trabalho na medida certa, que não torna o filme piegas ou exagerado no geral, no que é auxiliado pelos excelentes efeitos especiais tanto nas tomadas submarinas quanto nas de superfície, na fotografia do espanhol Javier Aguirresarobe (Vicky Cristina Barcelona) e na trilha sonora de Carter Burwell (Carol).
Chris Pine está muito bem no papel de Bernie, alguém humano, que segue regulamentos à risca, seja no trabalho ou na vida privada. Chega a duvidar da própria competência devido a um erro do passado que o atormenta, mas é alguém altamente cioso de seu dever e consciente que este deve ser cumprido, mesmo com o risco da própria vida. Parece que Chris nasceu mesmo para ser capitão (nos filmes, bem entendido).
Casey Affleck (irmão de Ben Affleck, de Batman vs Superman) também está ótimo no papel do engenheiro-chefe Ray Sybert, um homem mais afeito às máquinas do que às pessoas, o que não o torna muito simpático entre os tripulantes do Pendleton. Assim como Bernie e à sua maneira, é também alguém cioso e consciente de seu dever para com a tripulação, o que o leva a conflitos com alguns tripulantes que não confiam nele, também do mesmo modo que Richard não confia em Bernie.
Esse paralelo de semelhanças entre Bernie e Ray é uma boa sacada do filme e faz com que os dois personagens de personalidades diferentes se aproximem.
Entre os coadjuvantes, há dois que se destacam. O primeiro é o escocês Graham McTavish (saga O Hobbit), como o experiente marujo do Pendleton Frank Fauteux, chamado de “Pops” pelos tripulantes. Os tradutores foram muito infelizes em traduzir a palavra “Pops” como “coroa”. “Pops”, na verdade, é um diminutivo de pai e pode ser traduzido como “paizinho” ou “papi” (como no filme O Exterminador do Futuro: Gênesis) e é usado de forma carinhosa para o próprio pai ou alguém mais velho. Que mancada!
O outro coadjuvante de destaque é Abraham Benrubi (da série de TV Plantão Médico) no papel do cozinheiro grandão, cantador e simpático “Tiny” Myers. Esse apelido foi uma boa piada, pois, em inglês, “Tiny” significa “pequeno”.
O único porém do filme foi com relação a dois personagens cuja importância foi diminuída por parte de um e aumentada por parte de outro.
O personagem de Eric Bana, o comandante Daniel Cluff, é visto apenas como o chato do filme, cujo sotaque recebe a implicância de todos quando, na vida real, sua importância foi bem maior. Foi uma pena e um desperdício usarem um ator bom como Bana de um modo tão reduzido assim.
Já Miriam, a personagem de Holliday Granger, ao contrário de Cluff, teve sua importância excessivamente aumentada. Ela faz bem sua personagem de forte personalidade, mas achei forçada a cena na qual é ela quem tem a ideia de ajudar o barco de Bernie a voltar para a costa. Além do mais, achei que ela estava maquiada e vestida mais como uma estrela de cinema da época do que uma jovem da Classe Trabalhadora. Não que isso seja um demérito em si, mas tirou um pouco do realismo.
Colocando tudo na balança, ela pende mais do que a favor. Horas Decisivas é um filme com grandes e fortes emoções, que vai, certamente, agradar ao público e é candidato a ser uma das grandes surpresas da temporada de cinema de 2016. Podem assistir sem receio, pois a diversão é garantida.

RESUMO DO FILME
Baseado em fatos reias, conta a história de um corajoso e perigoso resgate feito pela guarda costeira dos EUA da tripulação de um navio petroleiro que partiu-se ao meio, em 1952.

COTAÇÃO
Ótimo.

Veja o trailer oficial de Horas Decisivas (Legendado - HD):


  Publicado no Observatório do Cinema e no LinkedIn em 17/02/2016.