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sábado, 12 de junho de 2021

Homenagem | Faleceu o ator e cineasta Julio Calasso


É com grande tristeza que Panorama do Cinema anuncia a partida de um talentoso artista brasileiro no dia de hoje: o ator e cineasta Julio Calasso. Até o momento em que este texto foi escrito, a causa da morte não tinha sido divulgada.

Julio Calasso nasceu em 1941, em São Paulo, e iniciou sua carreira artística no clássico O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla (1946-2004), no qual trabalhou como ator e assistente de produção. Os créditos de Julio Calasso como ator ainda incluem filmes como O Vampiro da Cinemateca (1977), de Jairo Ferreira (1945-2003); Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach (1945-2012), A Dama do Cine Shangai (1987), de Guilherme de Almeida Prado; a minissérie Me Chama de Bruna (2016) e Fala Sério, Mãe! (2017), de Pedro Vasconcelos, no qual contracenou com Ingrid Guimarães (Minha Mãe é Uma Peça: o Filme) e Larissa Manoela (Diários de Intercâmbio).

Como diretor e roteirista, Julio Calasso tem dois trabalhos em seu currículo: o drama Longo Caminho da Morte, (1971) com os atores Othon Bastos e Dionísio Azevedo (1922-1994) no elenco e pelo qual recebeu o prêmio de Melhor Roteiro Original da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA); e o documentário Plínio Marcos nas Quebradas do Mundaréu (2014), no qual conta a vida e obra do dramaturgo e escritor underground Plínio Marcos (1935-1999) e tem as participações da atriz Tônia Carrero (1922-2018) e dos atores Sérgio Mamberti (Castelo Rá-Tim-Bum, o Filme) e Nelson Xavier (1941-2017).

Julio Calasso também foi músico e produziu álbuns de artistas da MPB como Os Novos Baianos e Moraes Moreira, de Itamar Assumpção, da Vanguarda Paulista; e da banda de Rock Joelho de Porco.  

Com a partida de Julio Calasso, a vida cultural brasileira fica mais pobre e, nesta era das trevas em que vivemos atualmente, artistas como ele fazem muita falta. Que descanse em paz.


Veja, a seguir, os trailers dos filmes Longo Caminho da Morte e Plínio Marcos nas Quebradas do Mundaréu, ambos dirigidos por Julio Calasso:

Longo Caminho da Morte (1971):


Plínio Marcos nas Quebradas do Mundaréu (2014):


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sexta-feira, 11 de junho de 2021

Animação libanesa "bomba" na net e revoluciona cinema árabe


A Primavera Árabe foi um movimento político e social ocorrido em 2011 em países do Oriente Médio e norte da África (que possuem língua e cultura árabes) que gerou uma onda de protestos e revoluções que derrubaram ditadores e/ou pediam melhores condições de vida. Os países envolvidos no movimento foram Tunísia, Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e Omã. Em alguns desses países o processo revolucionário ainda está em curso.

A Primavera Árabe foi a principal inspiração para o recém-lançado desenho animado do Líbano Alephia 2053 feita pela empresa libanesa Spring Entertainment com a colaboração do estúdio francês de animação Malil'Art e tem a direção do cineasta Jorj Abou Mhaya.

Alephia 2053 conta a história do fictício país árabe Alephia no ano de 2053 que vive sob uma sangrenta ditadura liderada pelo tirano hereditário Alaa Ibn Ismail. O movimento de resistência elabora uma meticulosa operação para derrubar o ditador e envia seus agentes para executar o plano.

Em entrevista para o canal de notícias Euronews, o produtor Rabih Sweidan disse que a obra do quadrinista britânico Alan Moore (autor de Watchmen e V de Vingança, ambos transformados em filme) e a franquia Matrix foram igualmente grandes influências para a realização de Alephia 2053. Ele conta como surgiu a ideia para a animação:

"Não existe nada sobre o futuro, nunca ninguém fala sobre o que poderá ser. E essa foi a ideia, do tipo 'Não seria bom desenvolvermos algo que não fale de um passado improvável, mas, talvez, de um futuro plausível?' Foi assim que toda a ideia começou. Tudo gira à volta do questionamento: 'para onde vamos? Como seria o amanhã?'"

E acrescenta:

"A ideia do filme surgiu de uma pergunta: 'Como será o mundo árabe daqui a 20 ou 30 anos?' No meu modo de ver, o futuro é promissor. O filme tenta expressar isso através da classificação por cores: as cenas do final incorporam um tom gradiente mais vivo do que o tema escuro e poirento que predomina na primeira parte do filme".

Alephia 2053 foi muito bem recebido pela crítica local que considerou a animação "um marco" e "uma revolução" do cinema árabe.

Desde que foi lançado no YouTube, em 21 de março último (e até o momento em que este texto foi escrito), Alephia 2053 tem mais de 8 milhões de visualizações e continua a "bombar" na rede. Vale a pena conhecer esta interessante animação libanesa.


Assista aqui, na íntegra, Alephia 2053 (original em árabe com legendas em alemão, francês, inglês, italiano e português. Clique no botão "Detalhes" para configurar - HD):



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