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sexta-feira, 21 de abril de 2017

Filmes de Rock ‘N’ Roll que vão fazer você cantar, dançar e vibrar


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No início da década de 1950, surgiu nos EUA um gênero musical que era uma mistura de dois outros, o Rhythm and Blues – tocado e apreciado pelos negros – e o Country and Western – este tocado e apreciado pelos brancos. E foi dessa mistura de música negra com música branca que surgiu uma outra que transformaria todo o cenário musical do mundo: o Rock ‘N’ Roll!
Quando apareceu, o Rock ‘N’ Roll não passou desapercebido. Quem escutava, amava ou odiava, não havia meio termo. Entre os que odiavam, estavam os religiosos (que diziam que essa era a “música do diabo”), os racistas (dentre estes, o desprezível grupo Ku-Klux Klan, que espumava de ódio ao ver que vários astros do Rock ‘N’ Roll eram negros e brancos amigos desses mesmos negros) e os puritanos, que viam esse gênero musical como um atentado à moral e aos bons costumes (no Brasil, poucos sabem que o nome Rock ‘N ‘ Roll era uma gíria dos negros estadunidenses que significava fazer amor). Já entre os que amavam estava apenas a juventude do mundo, que viam nessa música, um hino à liberdade e ao amor, duas palavras que passaram a ser muito valorizadas em um tempo no qual a Guerra Fria estava no auge e conflitos armados como a Guerra do Vietnã e golpes militares que instalavam tirânicas e violentas ditaduras (em particular na América do Sul) corriam soltos.
Não foram poucos os que disseram que o Rock ‘N ‘ Roll era apenas uma moda passageira e, desde então, a cada década, algum “profeta do apocalipse musical” prevê que essa música vai durar, no máximo, mais seis meses. Porém, contrariando essas previsões, o Rock ‘N ‘ Roll não só sobreviveu como espalhou-se por todo o planeta, tornou-se a música do século XX e, nestes primeiros anos do século XXI, continua firme e forte, com novos artistas surgindo diariamente e sem dar mostras de perda de força e fôlego.
O cinema logo percebeu o potencial do Rock ‘N’ Roll tanto como negócio quanto como manifestação cultural dos jovens de todas as nacionalidades, cores, raças, credos e sexos. Panorama do Cinema fez, a seguir, uma seleção de filmes de Rock ‘N‘ Roll para os rockeiros e os cinéfilos cantarem, dançarem e vibrarem. Afinal, como foi dito uma vez, “É apenas Rock ‘N ‘ Roll, mas eu gosto”...

Balada Sangrenta (1958)

Danny Fisher (o Rei do Rock, Elvis Presley) é um jovem pobre que vive na cidade de Nova Orleans com sua família, que tem problemas financeiros. Danny tem problemas de relacionamento na escola, o que faz com que se envolva com o marginal de rua Shark (Vic Morrow, de Fuga Alucinada). Danny consegue uma oportunidade como cantor na casa de shows “King Creole”, o que pode resolver seus problemas de dinheiro. Porém, o gangster Maxie Fields (Walter Matthau, de Dois Velhos Rabugentos) quer que Danny trabalhe para ele e, para isso, chantageia o rapaz com um erro que ele cometeu.
Elvis Presley fez mais de 30 filmes para o cinema, sendo que a grande maioria desses filmes eram musicais bobocas e ruins que foram impiedosamente massacrados pela crítica – embora tenham sido sucessos de bilheteria. Balada Sangrenta foi uma rara exceção. Quando o diretor Michael Curtiz (do megaclássico Casablanca) soube que dirigiria um musical de Elvis, não ficou nem um pouco entusiasmado. Porém, ao ler o roteiro (baseado em um livro do autor de best sellers Harold Robbins) e conhecer o Rei pessoalmente, mudou de ideia.
Logo na primeira cena musical percebe-se que este é um filme acima da média. Além de ser um grande cantor, o Garoto de Tupelo (cidade onde cresceu) também tinha qualidades como ator que, infelizmente, nunca foram devidamente desenvolvidas. Balada Sangrenta mostra Elvis no auge de sua forma musical, em números nos quais pode-se ver toda a sua energia rebelde, carisma e talento que fizeram dele o Rei e um mito do Rock ‘N ‘ Roll. Se os seus outros filmes tivessem diretores tão bons quanto Curtiz, roteiros bem escritos e elencos de apoio de qualidade, é bem provável que a carreira cinematográfica de Elvis seria um sucesso ainda maior.

Veja aqui o trailer de Balada Sangrenta (original em inglês):

A Hard Day’s Night (1964)

Os Beatles (John Lennon, guitarra e vocal; Paul McCartney, baixo e vocal; George Harrison, guitarra e vocal; Ringo Starr, bateria e vocal) vão aparecer em um show de televisão que será transmitido ao vivo e precisam comparecer ao estúdio para ensaiar o seu número. Ao longo de um dia típico em suas vidas, eles tem de participar de vários compromissos, correr de fãs histéricas e, ainda por cima, lidar com as confusões causadas pelo avô de Paul (Wilfred Brambell, de A Espada do Valente).
Os Beatles já eram um sucesso sem precedentes na Europa quando foram, no início de 1964, fazer sua primeira excursão pelos EUA. A turnê foi um verdadeiro furacão, pegando os estadunidenses de surpresa e conquistou não só o país como também o resto do mundo e mudou, para sempre, a música popular em toda a parte. Nesse mesmo ano, os Meninos de Liverpool fizeram sua estreia cinematográfica em um filme chamado A Hard Day’s Night (literalmente Uma Noite de Um Dia Duro).
Os críticos da época imaginavam que seria um musical no estilo dos filmes de Elvis Presley. Porém, os Beatles novamente surpreenderam. Dirigido pelo então jovem e talentoso Richard Lester (de Superman II), A Hard Day’s Night mostrou ser uma comédia muito divertida com direção ágil e inovadora, cujas cenas musicais antecipavam os futuros vídeoclips, com os membros da banda a demonstrarem aptidões interpretativas e um roteiro muito bem elaborado por Alun Owen (Armadilha a Sangue Frio) que, para redigir o texto, passou um tempo junto à banda vendo todos os seus traços de personalidade.
Ao se assistir A Hard Day’s Night, é possível entender porque os Beatles causaram um impacto tão grande na cultura mundial e se tornaram tão populares. Junto com as suas canções maravilhosas, o filme é repleto das piadas malucas que os Fab Four gostavam de contar (o humor sempre foi um recurso poderoso), os mais velhos são constantemente ironizados – que, diga-se de passagem, sempre fazem por merecer a ironia - e mostrava um sentimento muito comum entre os jovens daquele tempo: o de deslocamento em um mundo dominado pelos adultos que, na visão da juventude, estragaram este belo planeta.
A Hard Day’s Night foi um estouro de bilheteria, uma produção barata que é, até hoje, um dos filmes mais lucrativos da história em relação ao investimento e também foi indicado aos Oscars de Melhor Roteiro Original e Melhor Trilha Sonora (de autoria do produtor dos Beatles, George Martin). Uma cópia do filme foi colocada dentro de uma cápsula do tempo enterrada na Califórnia para que as pessoas do ano 2964 vejam como eram as coisas mil anos atrás. E podem estar certos que a galera do futuro também vai se surpreender...

Veja aqui o trailer de A Hard Day’s Night (original em inglês):

O Último Concerto de Rock (1978)

Após uma carreira de 16 anos, o grupo de Country-Rock - gênero que mistura esses dois tipos de música - The Band (Robbie Robertson, guitarra e vocal; Rick Danko, baixo e vocal; Richard Manuel, piano; Levon Helm, bateria e vocal; Garth Hudson, órgão e sintetizador), decide se separar e realiza um último show na cidade de San Francisco com vários convidados de renome.
The Band surgiu em 1962 e tornou-se conhecido por ser o grupo de apoio do cantor e compositor Bob Dylan (que, em 2016, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura), quando lançaram-se em uma bem-sucedida carreira própria. Estava tudo muito bom, estava tudo muito bem, até o dia em que os músicos acharam que cada um devia cuidar de sua própria horta.
Então, no melhor estilo da década de 1970, resolveram se separar numa boa e organizaram um concerto de despedida no feriado do Dia de Ação de Graças justamente na cidade em que começaram, San Francisco, e convidaram vários amigos para esse concerto final (chamado The Last Waltz, que, em inglês, significa, literalmente, A Última Valsa, que também é o nome original do filme). E que convidados! Ninguém menos que os guitarristas Eric Clapton e Ron Wood (da banda The Rolling Stones), os cantores Neil Diamond, Van Morrison e Neil Young (ex-membro do grupo Crosby, Stills, Nash & Young), as cantoras Joni Mitchell e Emmylou Harris, o ex-Beatle Ringo Starr, além do amigo e mentor Bob Dylan, entre outros.
O diretor Martin Scorsese (O Lobo de Wall Street) sempre foi um aficionado por música em geral, e por Rock em particular, tendo já feito vários documentários sobre o tema tais como Shine a Light (2009), no qual documenta a banda The Rolling Stones; e George Harrison: Living in The Material World (2011), feito para a televisão, em que retrata a vida do ex-Beatle George Harrison. Porém, sua primeira incursão sobre o assunto foi em O Último Concerto de Rock.
O filme mostra cenas muito bem filmadas do show – que é emocionante – e as intercala com entrevistas (feitas pelo próprio Scorsese) dos membros do grupo que, além de exporem seus pontos de vistas musicais, contam histórias e curiosidades de sua carreira. Um registro perfeito da época, que fez a cabeça de muita gente e consegue resistir ao tempo.

Veja aqui o trailer de O Último Concerto de Rock (original em inglês):

Stop Making Sense (1984)

Os Talking Heads (David Byrne, violão, guitarra e vocal; Tina Weymouth, baixo e teclados; Jerry Harrison, guitarra e teclados; Chris Franz, bateria) desde o seu surgimento, em 1977, navegavam entre o Pop, o Rock e a música de Vanguarda, o que fez com que obtivessem sucesso imediato tanto de público quanto de crítica. Stop Making Sense é o registro de um show da turnê de mesmo nome no qual apresentaram seus grandes sucessos tais Psycho Killer, Burning Down The House, This Must Be The Place (que fez parte da trilha sonora dos filmes da franquia Wall Street) e Genius of Love (da banda Tom Tom Club, projeto solo da baixista Tina).
O líder da banda, David Byrne (um escocês radicado nos EUA), concebeu a apresentação de um modo minimalista, na qual, em lugar de uma grande produção repleta de efeitos especiais de palco que estava muito em voga na época, optou por cenário simples que, ao longo do show vai sendo montado aos poucos e no qual se destacam jogos de luzes, um telão onde são projetados slides diversos e objetos e vestuários típicos de uma peça de teatro.
Tal qual os Talking Heads, o diretor Jonathan Demme (do clássico O Silêncio dos Inocentes) sempre navegou entre o gosto popular e o vanguardista e acabou por ser a escolha perfeita para a direção do filme. Neste seu primeiro documentário, Demme conseguiu captar de modo preciso toda a energia e vibração do show, além das ideias teatrais de Byrne. Mesmo depois de mais de 30 anos de seu lançamento, Stop Making Sense continua sendo, musicalmente e cinematograficamente, um filme muito moderno, Pop e de vanguarda.

Veja aqui o trailer de Stop Making Sense (original em inglês):

The Doors, o Filme (1991)

Jim Morrison (Val Kilmer, de Batman Eternamente) é um jovem californiano, estudante universitário de cinema que também é poeta e um grande fã de Rock ‘N’ Roll. Após conhecer o tecladista Ray Manzareck (Kyle Maclachlan, da série de TV Twin Peaks), forma com ele a banda The Doors à qual se juntam o baterista John Densmore (Kevin Dillon, da série Entourage), e o guitarrista Robby Krieger (Frank Whaley, de Ironweed) em uma carreira de sucesso, mas polêmica e problemática, cheia de sexo, bebedeiras, drogas, prisões; e que acaba se refletindo em seu relacionamento com a bela Pamela Courson (Meg Ryan, de Cidade dos Anjos).
O diretor Oliver Stone (de Snowden), a princípio, apenas escreveria o roteiro do filme, mas acabou por assumir a direção após os contatos com Martin Scorsese, Brian De Palma (Os Intocáveis) e William Friedkin (O Exorcista) não terem vingado. Val Kilmer foi o escolhido para interpretar Jim Morrison após os nomes de Tom Cruise (franquia Missão Impossível), John Travolta (Pulp Fiction), Johnny Depp (Edward Mão de Tesoura) e Richard Gere (Chicago) terem sido considerados. Já Meg Ryan disputou o papel de Pamela Courson com outras 60 atrizes (inclusive Patricia Arquette, de A Hora do Pesadelo 3).
Oliver Stone teve vários problemas de produção durante as filmagens, dentre estes, desentendimentos com os pais de Jim, de Pamela – que queriam que a filha fosse mostrada “como um anjo” - e com os membros sobreviventes da banda, que acharam o roteiro historicamente impreciso – apesar de terem trabalhado como consultores técnicos do filme. Em uma entrevista, Ray Manzarek criticou Stone por, segundo o músico, o diretor ter exagerado ao retratar o alcoolismo de Morrison.
De fato, muito do que é exibido no filme vem da visão pessoal de Oliver Stone tal como mostrar Jim Morrison como um ícone maior do que a própria vida, mas, apesar disso (ou talvez por causa disso) e com uma direção segura, mantém o fascínio que o cantor sempre despertou no público. O filme recebeu críticas mistas, mas teve boa bilheteria e desfaz algumas lendas como, por exemplo, Morrison ser o único compositor da banda.
A atuação de Val Kilmer foi elogiada e o ator surpreendeu nas cenas musicais com um vocal bastante semelhante ao de Jim. Por seu lado, Kyle Maclachlan disse que, pela primeira vez na vida, agradeceu a sua mãe por ter tido aulas de piano na infância…

Veja aqui o trailer de The Doors, o Filme (original em inglês):

Control, a História de Ian Curtis (2007)

Ian Curtis (Sam Riley de Orgulho e Preconceito e Zumbis – veja a crítica aqui) é um jovem funcionário público da pequena cidade de Macclesfield, no Interior da Inglaterra, que sofre de depressão e epilepsia; é vidrado em arte, poesia e música e casado com a igualmente jovem Debbie Woodruff (Samantha Morton, de Animais Fantásticos e Onde Habitam). Um dia, ambos vão a um show da banda de Punk Rock Sex Pistols e lá conhecem o guitarrista Bernard Summer (James Anthony Pearson, de Pelo Prazer de Matar) e o baixista Peter Hook (Joe Anderson, de A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2), que estão montando uma banda de Rock chamada Warsaw. Ian decide juntar-se a eles como vocalista, sendo seguido pelo baterista Stephen Morris (Harry Treadaway, da série de TV Penny Dreadful) e mudam o nome da banda para Joy Division. O grupo inicia sua carreira e, durante uma turnê, Ian conhece a jornalista belga Annik Honoré (a romena Alexandra Maria Lara, de Rush – No Limite da Emoção, e esposa de Sam Riley, na vida real) e inicia um caso amoroso com ela. Debbie descobre tudo e o casamento dos dois entra em crise, ao mesmo tempo que a depressão e a epilepsia de Ian pioram até um desfecho trágico.
Control foi a estreia do diretor holandês Anton Corbijn (de Life: Um Retrato de James Dean), que é um fã devotado do Joy Division desde o final da década de 1970 tendo, inclusive, conhecido os membros da banda pessoalmente. Além do próprio Joy Division, a trilha sonora tem canções das bandas New Order (formada pelos membros sobreviventes do Joy Division), The Velvet Underground, The Buzzcocks, Iggy Pop, David Bowie (veja as suas canções feitas para o cinema aqui), Roxy Music, Kraftwerk, entre outros.
Control foi muito bem recebido pela crítica. No prestigioso Festival de Cannes, o filme conquistou os prêmios C.I.C.A.E. (Menção Especial), Golden Camera (Menção Especial), Label Europa Cinemas e Regards Jeunes. Peter Hook e Stephen Morris gostaram do filme em geral, embora Morris tenha criticado a sua precisão histórica dizendo que “Nem tudo é realmente verdade”. Já Hook criticou a reação da plateia na pré-estreia, que aplaudiu o filme ao final quando, na opinião do músico, “Seria melhor um digno silêncio”.


Veja aqui o trailer de Control, a História de Ian Curtis (original em inglês – HD):

Somos Tão Jovens (2013)

Em 1973, Renato Manfredini (Thiago Mendonça, de 2 Filhos de Francisco) muda-se com sua família do Rio de Janeiro para Brasília. Dois anos depois, sofre de uma rara doença óssea e passa por uma cirurgia que o deixa de cama por um longo período. Durante a convalescença, começa a compor poesias e sonha em tornar-se um astro do Rock. Após a sua recuperação, descobre o movimento Punk, passa a usar o nome artístico de Renato Russo e forma a banda Aborto Elétrico, que dura pouco tempo. Começa a apresentar-se como o Trovador Solitário, interpretando suas próprias canções e, em 1982, forma a banda Legião Urbana, que se tornaria uma das maiores da história do Rock Brasileiro. Nesse meio tempo, descobre o amor com meninas e meninos.
Dirigido pelo experiente Antonio Carlos da Fontoura (A Rainha Diaba), esta história da juventude de Renato Russo foi um campeão de bilheteria no ano de seu lançamento no Brasil – perdeu apenas para O Homem de Ferro 3. Ainda assim, os fãs mais fiéis e exigentes de Renato e do Legião torceram um pouco o nariz para o filme e, por parte da crítica, a recepção foi mista. Em contrapartida, foram muito elogiadas as atuações de Thiago Mendonça, Laila Zaid (telenovela Malhação), e Bianca Comparato (Irmã Dulce), que conquistou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2014.
A trilha sonora, em sua maior parte com canções do Legião Urbana, tem em Thiago Mendonça um surpreendente intérprete, soando de modo muito semelhante a Renato Russo.


Veja aqui o trailer de Somos Tão Jovens (original em português - HD):