quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Oscar 2019 | Conheça o candidato brasileiro ao maior prêmio de Hollywood


A Academia Brasileira de Cinema já escolheu o filme que será o candidato brasileiro para uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Trata-se d'O Grande Circo Místico, com direção de Cacá Diegues (Bye-Bye Brasil). 

Com roteiro do próprio Diegues e baseado no poema homônimo do escritor Jorge de Lima (1893-1953), que já havia servido de inspiração a um espetáculo de dança criado por Naum Alves de Souza com trilha sonora de Chico Buarque e Edu Lobo, O Grande Circo Místico conta de forma poética, por meio do mestre de cerimônias Celaví (Jesuíta Barbosa, de Jonas), que nunca envelhece, a história de cinco gerações da família Knieps desde 1910 até os dias de hoje.

O Grande Circo Místico teve a sua première mundial no Festival de Cannes deste ano (exibido fora de competição). Com locações em Portugal, tem no seu elenco nomes como Bruna Linzmeyer (O Filme da Minha Vida) e os franceses Catherine Mouche (Marvin) e Vincent Cassel (Cisne Negro).

A lista dos filmes indicados ao prêmio será anunciada em em 22 de janeiro de 2019. A premiação será no dia 24 de fevereiro de 2019.

O Grande Circo Místico tem estréia comercial no Brasil prevista para 15 de novembro de 2018.

Assista aqui o trailer oficial d'O Grande Circo Místico (original em português - HD):


Publicado no LinkedIn em 13/09/2018.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Festival de Veneza | Filme sobre Pepe Mujica ganha prêmio da UNESCO


O documentário El Pepe, Una Vida Suprema (ainda sem título em português), dirigido pelo cineasta sérvio Emir Kusturica (Quando Meu Pai Saiu em Viagem de Negócios), que expõe as ideias, convicções políticas e éticas e visão de mundo do ex-presidente e atual senador do Uruguai, José "Pepe" Mujica, recebeu no Festival de Veneza o prêmio CICT-UNESCO Enrico Fulchignoni

A honraria premia filmes e produções audiovisuais de alto nível e que permite a livre circulação de informações. O nome Enrico Fulchignoni é uma homenagem ao antigo diretor de criação artística e literária da UNESCO, organização das Nações Unidas (ONU) para educação, ciência e cultura. 

No mesmo festival, foi exibido o filme Uma Noite de 12 anos, do diretor uruguaio Alvaro Brechner (Sr. Kaplan), que conta, de modo dramatizado, o período em que Mujica passou na prisão com dois companheiros e os horrores que lá sofreram (veja aqui).

Ao saber da premiação, Pepe Mujica, com sua conhecida modéstia e seu igualmente conhecido senso de humor maroto disse:

"Eu não sou uma estrela, nasci estrelado. Eu estou aqui [Festival de Veneza] exclusivamente por um amigo, um amigo que se chama Kusturica. Meu mundo é outro. Não sei se melhor ou pior, mas outro".

El Pepe, Una Vida Suprema ainda não tem previsão de estréia no Brasil.

Veja aqui o programa Un Mundo de Cine, do YouTube, apresentado pela jornalista espanhola Alejandra Musi, que fala sobre o documentário El Pepe, Una Vida Suprema (original em espanhol):



Publicado no LinkedIn em 11/09/2018.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Memória | A morte e a morte de Paul Newman


Em 26 de setembro de 2008, após uma longa batalha contra o câncer, morreu aos 83 anos de idade Paul Leonard Newman, conhecido internacionalmente como Paul Newman, um dos maiores atores já surgidos em Hollywood em todos os tempos. O falecimento de Newman vai um pouco além da perda de um artista extraordinário. Porém, antes de nos aprofundarmos nesse assunto, vamos fazer uma breve retrospectiva da carreira cinematográfica desse grande astro.

Filho de um próspero comerciante, Newman começou atuar em peças teatrais em sua escola. Serviu na marinha durante a Segunda Guerra Mundial. Após obter a dispensa do serviço militar, obteve uma bolsa de estudos e foi estudar no Kennyon College, uma faculdade de artes liberais ligada à Igreja Episcopal. 

Logo após se formar, foi estudar arte dramática na Universidade de Yale e, um ano depois, entrou para o famoso Actor’s Studio, considerada a melhor e mais prestigiosa escola de dramaturgia dos Estados Unidos e dirigida pelo grande professor de dramaturgia Lee Strasberg, mestre de uma geração de grandes atores e atrizes estadunidenses tais como Marlon Brando, James Dean, Marilyn Monroe, Jane Fonda, Geraldine Page, Al Pacino, Robert de Niro Dustin Hoffman.

Fez sua estréia como ator profissional em um espetáculo da Broadway chamado Picnic, o que lhe valeu um convite para trabalhar em um grande stúdio de cinema, a Warner Brothers. Seu primeiro filme foi O Cálice Sagrado, em 1954. Newman, um eterno perfeccionista, considerou sua atuação tão ruim que chegou a publicar um anúncio de página inteira em um jornal pedindo desculpas ao público. 

Porém, em 1956, arrancou elogios da crítica por sua performance como o boxeador Rocky Graziano no filme Marcado pela sarjeta. Em 1958, as pessoas começaram a perceber que aquele ator de olhos azuis era mais do que apenas um rosto bonito: além de outro grande sucesso em Gata em teto de zinco quente (no qual atuou com a diva Elizabeth Taylor e teve sua primeira indicação ao Oscar), ganhou seu primeiro grande prêmio como intérprete, o de melhor ator no Festival de Cannes pelo filme O Mercador de Almas.

É na década de 1960 que Newman se estabeleceu de vez como um dos grandes nomes do cinema estadunidense, tanto em prestígio como em bilheteria. São dessa época filmes como Desafio à corrupção, de 1961 (no qual fez o papel do jogador de snooker “fast” Eddie Felson, que repetiria anos depois em A cor do dinheiro); O Indomado, em 1963; Cortina Rasgada, em 1966 (quando trabalhou com o mestre do suspense Alfred Hitchcock); Rebeldia Indomável, em 1967; Rachel, Rachel, em 1968 (sua estréia na direção trabalhando com sua esposa por mais de 50 anos, Joanne Woodward, e pelo qual ganhou o Globo de Ouro como diretor) e, principalmente, Butch Cassidy & Sundance Kid, em 1969, filme-ícone de uma época que marcou uma geração inteira.

Em 1973, um outro sucesso espetacular, Golpe de Mestre, no qual trabalhou com seus amigos, o ator Robert Redford e o diretor George Roy Hill (que também estavam em Butch Cassidy) e que faturou sete Oscars. No ano seguinte atuou junto a outro grande astro, Steve McQueen, no filme que inaugurou a era do “cinema-catástrofe”, Inferno na Torre.

A década de 1980 começou com Ausência de malícia, em 1981 e com O Veredicto, no qual Newman teve uma atuação magnífica como o advogado alcoólatra Frank Galvin.

Em 1986, a redenção: após várias indicações, Paul Newman finalmente conquista o Oscar de melhor ator por A cor do dinheiro (no qual foi dirigido pelo diretor Martin Scorsese e atuou com o então jovem astro campeão de bilheteria Tom Cruise).

Na década de 1990, já não atua com a mesma freqüência, mas ainda conquista mais um prêmio, o Urso de Prata no Festival de Berlim como melhor ator no filme O Indomável – assim é minha vida.

Foi-se o homem, fica o mito. Mas, qual mito? O de um ator brilhante detentor dos prêmios mais importantes? O de um apaixonado por carros e por automobilismo? O de um marido dedicado? O de um pai que perdeu seu filho para as drogas e passou a lutar contra esse flagelo? O de um filantropo que usava sua fama e prestígio para a caridade? O de um liberal que apoiava as causas justas? Ou simplesmente de um amigo fiel?

É tudo isso, mas vai além. Para as gerações mais novas, que têm como ídolos verdadeiros símbolos do materialismo que são indiferentes ao seu próximo, pode ser um pouco difícil entender a morte de Paul Newman. Newman pode ser definido como um “último dos moicanos”, um tipo de ser humano cada vez mais raro em nossa sociedade atual. Alguém que era um exemplo para as pessoas, mas um exemplo no melhor sentido dessa palavra. Era alguém que acreditava sinceramente na humanidade e no jeito correto de se fazerem as coisas sem ser hipócrita ou moralista. 

Era generoso, mas sem ser vaidoso. Ao contrário de várias estrelas hollywoodianas atuais, não usava a caridade e a filantropia para a autopromoção, preferia ser discreto. Não hesitava em apoiar as causas políticas liberais, a ponto de o ex-presidente dos EUA, Richard Nixon, colocá-lo em sua “lista negra” como um de seus piores inimigos. Para um liberal como Newman, não poderia ter havido honra maior!

Quando aparecia nas corridas automobilísticas – primeiro como piloto e, posteriormente, como dono de equipe – o fazia como mais um participante, como um verdadeiro esportista. Teve um casamento exemplar com sua segunda esposa, Joanne Woodward, uma atriz e uma pessoa de grandeza igual à de seu marido, e era um excelente pai, a ponto de sentir no mais profundo de sua alma a morte de seu filho do primeiro casamento, Scott Newman, por overdose de drogas. 

Era o tipo de amigo que jamais esquecia o aniversário de alguém e que estava sempre à disposição para uma cervejinha com seus chapas (e ainda fazia questão de pagar tudo!).

É claro que não era perfeito. Bebia e fumava muito (aliás, foi por meio do tabagismo que adquiriu o cãncer que o matou), mas era aquele espécie de gente cujas qualidades superavam quaisquer defeitos de caráter que possuísse.

Em resumo, Paul Newman era um astro na verdadeira acepção do termo. Embora já estivesse com 83 anos, é o tipo de pessoa que, quando parte, vai cedo demais. Ele vai fazer falta e como!

Para encerrar, foi selecionado um vídeo: a inesquecível “cena da bicicleta” do filme Butch Cassidy & Sundance Kid no qual contracena com com a bela Katherine Ross. Que esta pequena amostra sirva para mostrar a todos - e em especial aos mais jovens - a grandeza desse homem que o mundo perdeu.



Publicado no Centro de Mídia Independente (CMI) e no LinkedIn em 11/09/2018.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Festival de Veneza | Dupla homenagem para Pepe Mujica


Um dos mais prestigiosos festivais de cinema do mundo, o Festival de Veneza, realizado anualmente na cidade italiana de mesmo nome, apresenta na sua edição de 2018 uma dupla homenagem ao ex-presidente e atual senador do Uruguai, José "Pepe" Mujica

Tratam-se do filme Uma Noite de 12 Anos, do diretor, roteirista e produtor uruguaio Alvaro Brechner (Sr. Kaplan) e com o ator espanhol Antonio de la Torre (Volver), no papel de Mujica; e o documentário El Pepe, Una Vida Suprema (ainda sem título em português), do diretor sérvio Emir Kusturica (Quando Meu Pai Saiu em Viagem de Negócios). 

O primeiro, que compete na seção "Horizontes", conta o período em que Mujica - então um guerrilheiro que combatia a ditadura militar que tiranizava o Uruguai - e mais dois de seus companheiros passaram na prisão e todos os horrores que lá sofreram.

O segundo é o documentário, exibido fora de competição, no qual Mujica expõe sua visão de mundo e convicções políticas e éticas. Nas palavras do diretor Kusturica: 

"Penso que [Mujica] é uma pessoa única, que enriquece nossos sentimentos, mas também as nossas experiências. Estou confiante que um dia será uma inspiração para os que estão a perder o amor em acreditar no Socialismo".

Por sua vez o veterano político disse sobre o cineasta:

"Não conhecia Kusturica e também não sou um homem do cinema. Não entendo nada de cinema. Ao conhecê-lo, tornamo-nos amigos".

Pepe Mujica tornou-se internacionalmente conhecido por sua simplicidade. Mora em uma pequena chácara nos arredores de Montevidéu onde planta flores e hortaliças. Ao invés de um carro do ano, tem um velho fusca de cor azul-celeste. Do salário que ganha - primeiro como presidente e, depois, como senador - doa quase 70% para o seu partido  (Frente Ampla) e para um fundo de construção de moradias e se sustenta com o restante. Costuma dizer com bom humor:

"Por sorte, por enquanto tenho a minha esposa (com quem está junto desde a década de 1970, mas casaram-se somente em 2005. Uma mera formalidade...) que banca as despesas".

Mujica também tornou-se conhecido por ter aprovadas durante seu governo leis de cunho progressistas tais como a descriminalização do aborto, o matrimônio igualitário (entre pessoas do mesmo sexo) e, a mais polêmica de todas: a legalização do mercado da maconha para consumo pessoal e cuja produção, distribuição e venda ficam a cargo do governo.

Uma Noite de 12 anos tem estréia prevista para o próximo dia 27 de setembro.

El Pepe, Una Vida Suprema ainda não tem previsão de estréia no Brasil.


Veja aqui o trailer oficial de Uma Noite de 12 anos (legendado - HD):



Veja aqui reportagem do canal do YouTube  LoftCinema, apresentado pelo jornalista mexicano Sal Franco, sobre o documentário El Pepe, Una Vida Suprema (original em espanhol - HD):




Publicado no LinkedIn em 11/09/2018.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Uma explicação sobre a ausência



Queridas amigas e queridos amigos de Panorama do Cinema

Vocês, certamente, notaram a ausência das críticas, artigos e matérias que, muito gentilmente, acostumaram-se a acompanhar neste modesto espaço. Isso deveu-se a um problema de saúde que tive e impediu-me de continuar com as postagens costumeiras.

Porém, felizmente, já recuperei-me e vou recuperar o tempo perdido postando os textos que estão em atraso, assim como os novos que virão.

De qualquer forma, muito obrigado por sua compreensão e pelo seu apoio.

Abraços a todos

João Carlos Correia

E, como dizem...