Em 1980, o então presidente da FIFA, o brasileiro de ascendência belga João Havelange (1916-2016), decidiu criar um torneio oficial comemorativo dos 50 anos da Copa do Mundo. A sede escolhida foi o país onde se realizou o primeiro campeonato mundial de futebol, o Uruguai, que também foi o primeiro campeão mundial vencendo na final seu arquirival, a Argentina, por 4x2 e levando o público presente no Estádio Centenário (construído especialmente para essa competição) ao delírio.
A competição reuniu cinco dos seis países campeões mundiais até então: o anfitrião Uruguai, a Argentina, o Brasil, a Itália, e a Alemanha. A Inglaterra, também campeã mundial, declinou do convite e foi substituída pela Holanda, vice-campeã mundial nas Copas do Mundo de 1974 e 1978.
A competição foi batizada de Copa de Ouro, mas passou para a história pelo nome criado pela população local: Mundialito. Com uma grande atuação, o Uruguai venceu o Brasil na final por 2x1, conquistou a taça e, mais uma vez, levou seu povo ao delírio.
Em 2010, como parte das comemorações dos 30 anos dessa grande conquista, foi lançado nas salas de cinemas uruguaias o documentário Mundialito, com direção de Sebastián Bednarik (Maracaná).
Mundialito não se concentra apenas no aspecto esportivo, também trata dos aspectos sociais e políticos da época. Assim como os outros países sul-americanos (com exceção da Venezuela), o Uruguai era governado por uma ditadura militar que, como é de praxe nesse tipo de governo, prendia, torturava, matava e/ou fazia desaparecer opositores do regime.
Querendo dar um aspecto legal - ainda que com tom de farsa - à ditadura, os militares queriam usar o Mundialito para propaganda própria e para um plebiscito que seria realizado logo após a competição para eternizá-los no poder.
A grande imprensa local, que apoiava os "milicos" (o affair da chamada "grande imprensa"com movimentos reacionários e/ou de extrema-direita não é de hoje...), incentivava a população a votar sim para dar continuidade ao governo fardado. Porém, o tiro saiu pela culatra.
Nos estádios, os espectadores, que não caíram na conversa dos ditadores nem da mídia e estavam sedentos por um governo democrático, gritavam a plenos pulmões "Queremos votar", "Abaixo a ditadura" e outras palavras de ordem. No plebiscito o NÃO teve uma vitória esmagadora.
Mundialito mostra, além de imagens daquele tempo, entrevista com jogadores, historiadores e personalidades. Dentre as entrevistas, três se destacam: a do ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica, de Havelange (que demonstra a truculência que o tornou famoso), e a do ex-futebolista brasileiro Sócrates, que fala da alienação política dos futebolistas em geral.
A seguir: O Milagre de Berna
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A competição reuniu cinco dos seis países campeões mundiais até então: o anfitrião Uruguai, a Argentina, o Brasil, a Itália, e a Alemanha. A Inglaterra, também campeã mundial, declinou do convite e foi substituída pela Holanda, vice-campeã mundial nas Copas do Mundo de 1974 e 1978.
A competição foi batizada de Copa de Ouro, mas passou para a história pelo nome criado pela população local: Mundialito. Com uma grande atuação, o Uruguai venceu o Brasil na final por 2x1, conquistou a taça e, mais uma vez, levou seu povo ao delírio.
Em 2010, como parte das comemorações dos 30 anos dessa grande conquista, foi lançado nas salas de cinemas uruguaias o documentário Mundialito, com direção de Sebastián Bednarik (Maracaná).
Mundialito não se concentra apenas no aspecto esportivo, também trata dos aspectos sociais e políticos da época. Assim como os outros países sul-americanos (com exceção da Venezuela), o Uruguai era governado por uma ditadura militar que, como é de praxe nesse tipo de governo, prendia, torturava, matava e/ou fazia desaparecer opositores do regime.
Querendo dar um aspecto legal - ainda que com tom de farsa - à ditadura, os militares queriam usar o Mundialito para propaganda própria e para um plebiscito que seria realizado logo após a competição para eternizá-los no poder.
A grande imprensa local, que apoiava os "milicos" (o affair da chamada "grande imprensa"com movimentos reacionários e/ou de extrema-direita não é de hoje...), incentivava a população a votar sim para dar continuidade ao governo fardado. Porém, o tiro saiu pela culatra.
Nos estádios, os espectadores, que não caíram na conversa dos ditadores nem da mídia e estavam sedentos por um governo democrático, gritavam a plenos pulmões "Queremos votar", "Abaixo a ditadura" e outras palavras de ordem. No plebiscito o NÃO teve uma vitória esmagadora.
Mundialito mostra, além de imagens daquele tempo, entrevista com jogadores, historiadores e personalidades. Dentre as entrevistas, três se destacam: a do ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica, de Havelange (que demonstra a truculência que o tornou famoso), e a do ex-futebolista brasileiro Sócrates, que fala da alienação política dos futebolistas em geral.
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Veja aqui o trailer de Mundialito (original em espanhol com legendas em inglês):
Publicado no LinkedIn em 01/06/2018.
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