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terça-feira, 10 de janeiro de 2017
domingo, 8 de janeiro de 2017
Crítica | Rogue One - Uma História Star Wars
Desde
a sua estreia em 4 de maio de 1977, a saga espacial Star
Wars
(que, na época de seu lançamento no Brasil e em outros países de
língua portuguesa, era chamada Guerra
nas Estrelas),
criada pelo diretor, roteirista e produtor estadunidense George
Lucas,
tem feito a delícia de fãs, cinéfilos e apreciadores de filmes em
geral, além de ter revolucionado e mudado para sempre a história do
cinema – algo que foi muito mais do que o seu criador imaginava.
Tão estrondoso sucesso foi além da tela grande gerando produtos
tais como histórias em quadrinhos, brinquedos, livros, jogos para
videogames e também “spin-offs”, isto é, filmes gerados a
partir da produção original e cujas histórias estão ligadas
direta ou indiretamente a ela. Como exemplos, temos os filmes feitos
para a TV dos personagens Ewoks (que apareceram pela primeira vez no
sexto episódio da saga, O
Retorno de Jedi,
em 1983), Caravana
da Coragem
(1984) e A
Batalha de Endor (1985);
e a série de desenhos animados Droids
(1985-1986), que mostrava as aventuras atrapalhadas dos androides
R2-D2 e C-3PO; e para o cinema, temos a animação Star
Wars: Clone Wars
(2008, que gerou uma série televisiva de mesmo nome) e, o mais novo
filme desse universo: Rogue
One: Uma História Star Wars.
Cerca
de 30 anos após a queda da República Galáctica e a ascensão do
Império comandado pelo Lorde Sith Paltine e seu aprendiz, Darth
Vader (tal como foi visto no terceiro episódio da saga, A
Vingança dos Sith),
uma Aliança Rebelde, tendo à frente o senador e vice-rei do planeta
Alderaan, Bail Organa (o estadunidense Jimmy
Smits,
a reprisar o papel que interpretou nos episódios II e III), foi
formada para combater esse tirânico governo. Galen Erso (o
dinamarquês Mads
Mikkelsen,
de 007
– Cassino Royale),
um antigo fabricante de armas, é recrutado à força pelo almirante
Orson Krennic (o australiano Ben
Mendelsohn,
de Êxodo:
Deuses e Reis)
para trabalhar na mais nova arma imperial, a Estrela da Morte. A
princípio, Galen se recusa na fazer isso, mas cede após ver a
esposa ser assassinada. A sua pequena filha, Jyn, foge e é salva
pelo rebelde extremista Saw Guerrera (o estadunidense Forest
Whitaker,
de O
Último Rei da Escócia).
Já
crescida, Jyn (a inglesa Felicity
Jones,
de A Teoria de Tudo)
é presa por ajudar na fuga de Bohdi Rook (o rapper inglês Riz
Ahmed,
de O
Abutre),
um piloto desertor do Império. Eles são salvos por Cassian Andor (o
mexicano Diego
Luna,
de Elysium),
um agente rebelde que está sempre acompanhado de K-2SO (o
estadunidense Alan
Tudyk,
de Zootopia),
um androide imperial que foi reprogramado. Cassian conduz ambos para
o QG da Aliança Rebelde, que pede que resgatem Galen. Jyn e Bohdi
concordam e ainda terão ajuda do guerreiro cego, místico e que acredita na Força, Chirrut
Imwe (o chinês Donnie
Yen,
de Blade
II), e de seu camarada, Baze Malbus (o também chinês Jiang
Wen,
de A
Fundação de Uma República).
Quando
Rogue
One
foi anunciado muitos dos fãs achavam que seria um pastiche da saga e
uma produção barata com o único propósito de arrancar dinheiro
deles. Entretanto, para agradável surpresa geral, o filme não só é
uma superprodução (custou cerca de U$ 200 milhões), como também é
uma história, ao mesmo tempo original e familiar, pois tem ligação
direta com o episódio IV, o que deu início a esse mundo maravilhoso
criado por Lucas.
Essa
semelhança e diferença simultâneas podem ser vistas logo no início
quando aparece a famosa frase “Há muito tempo atras, em uma
galáxia muito, muito distante...” e, em seguida, o título, mas o
famoso letreiro com uma pequena introdução à trama não surge,
indo diretamente para a história a ser contada.
Uma
outra diferença que acaba se tornando uma boa sacada é mostrar que
heróis, algumas vezes, não são tão puros como se costuma pensar,
mesmo quando estão a lutar por uma causa nobre. Não raro, agentes
de movimentos de rebelião e/ou resistência tem que fazer trabalhos
sujos tais como atentados e assassinatos de inimigos, tudo em nome
dessa causa...
Vindo
da televisão, o diretor galês Gareth
Edwards
está apenas em seu terceiro filme para o cinema (seus primeiros
trabalhos na direção foram o elogiado Monstros,
em 2010, e o reboot de Godzilla,
em 2014), mas parece um veterano no que diz respeito ao universo de
Star
Wars.
Sua direção é precisa, tanto na direção de atores quanto nas
cenas de ação e combates no espaço. Ao vermos estas cenas com as
espaçonaves, elas nos fazem imaginar que são como George Lucas
teria sonhado quando estava em processo de criação de sua ideia.
Ao
longo de Rogue
One
há diversas referências ao primeiro filme, que inclui a aparição
de personagens menores como, por exemplo, os marginais que encrencam
com Luke Skywalker no episódio IV, e de personagens fundamentais,
como os androides C-3PO e R2-D2, que são rapidamente vistos. Há um
verdadeiro clima retrô que pode ser notado nos cenários, em
particular no interior da Estrela da Morte. Mas que ninguém se
engane: os efeitos especiais são de primeiríssima linha.
Uma
outra semelhança com o primeiro filme são a presença de atores em
ascensão nos papéis principais com coadjuvantes consagrados. Se no
episódio IV havia a presença de Alec
Guiness
- que foi indicado ao Oscar pela sua interpretação do Jedi Obi-Wan
Kenobi - e Peter
Cuhing (sobre
quem falaremos mais adiante),
Rogue
One
tem Mads
Mikkelsen
e Forest
Whitaker. O dinamaquês confirma sua fama de ator intenso e consegue
dar credibilidade ao angustiado e torturado constantemente pelo
remorso Galen Erso. Já Saw Guerrera, o personagem de Whitaker, tem
presença marcante como um guerreiro fundamentalista e de atitudes
extremas.
Do
elenco principal, Felicity Jones é quem tem a participação mais
apagada. Não é que ela esteja ruim, mas falta em sua atuação mais
força para a personalidade e a presença de espírito que a sua
personagem, Jyn Erso, exige.
Diego
Luna, por seu lado, convence como o agente rebelde Cassian Andor que,
se necessário, se utilizará de todos os métodos –
lícitos e ilícitos - que
estiverem ao seu alcance para que a missão seja bem-sucedida, mas
que, nem por isso, deixa de ter consciência.
O
androide K-2SO, de Alan Tudik, consegue rivalizar com C-3PO como o
mais irritante da galáxia, embora o primeiro tenha um cinismo que o
androide interpretado por Anthony Daniels jamais sonhou ter algum
dia.
Mas,
para mim, o grande personagem do filme, aquele que rouba as
cenas em todas
as vezes que aparece, é Chirrut Imwe. O guerreiro cego interpretado
por Donnie Yen, um astro de filmes de artes marciais, tem as melhores
cenas e as melhores falas. Quando George Lucas criou os cavaleiros
Jedi, inspirou-se nos monges zen budistas. E Chirrut é,
definitivamente, zen, seja em seus mantras (“Eu sou um com a Força.
A Força está comigo”), seja nas lutas.
Chirrut
Imwe
chega
a lembrar um aspecto da personagem bíblica Nicodemos, o
príncipe dos fariseus que teve um encontro noturno e secreto com
Jesus Cristo.
Neste
episódio do Novo Testamento
(que pode ser vista em João
3: 1-21),
Nicodemos entendia apenas em parte a missão de Jesus no mundo, mas
tinha
certeza
que o
Rabi de Nazaré vinha da parte de Deus. Com Chirrut ocorre algo
semelhante: ele compreende apenas parcialmente a Força, mas sabe que
ela existe, tem um verdadeiro sentimento religioso por esse poder dos
Jedis,
o que gera-lhe uma fé inabalável nessa energia que cerca todas as
coisas vivas. Não estranhem se, futuramente, Chirrut
Imwe
ganhar
um filme próprio.
O
“parça”
de Chirrut, Baze Malbus, que, absolutamente não tem as mesmas
crenças do seu amigo cego, age como uma mistura de Sancho Pança (do
livro clássico Dom
Quixote,
do escritor espanhol Miguel
de Cervantes)
com Dr. Leonard McCoy (da saga Star
Trek),
dando o toque cômico ao filme. Mérito de Jiang Wen.
Ben
Mendelsohn faz do almirante Krennic um vilão mau e ganancioso, um
papel clássico e até clichê, mas feito com muita competência por
esse ator da Austrália, o que dá credibilidade a ambos, personagem
e intérprete.
E,
pegando um gancho do parágrafo anterior, não poderíamos deixar de
falar de dois grandes vilões dessa saga: Darth Vader e Gran Moff
Tarkin. A presença do primeiro já era esperada por todos, mas, ao
contrário do que muitos acreditavam, o seu intérprete nos episódios
II e III, o canadense Hayden Christensen, não aparece no papel,
tendo sido substituído por Spencer
Wilding
(de Victor
Frankenstein)
e pelo dublê Daniel
Naprous
(da série de TV Game
of Thrones)
com a habitual dublagem do grande James
Earl Jones
(A
Grande Esperança Branca).
A presença do patriarca da família Skywalker em Rogue
One
é curta, mas marcante, sendo aquele Darth Vader cruel e impiedoso
que todos os cinéfilos do mundo conheceram há 40 anos passados. E
os mais detalhistas devem ter notado que, no visor da máscara de
Vader, é possível ver, pela primeira vez, as lentes infravermelhas!
Uma
coisa que surpreendeu-me muito foi a presença de Gran Moff Tarkin no
filme e surpreendeu-me mais ainda ver também
a presença
do falecido Peter
Cushing
(O
Vampiro da Noite)
em
lugar
de um novo intérprete. Para isso foi usada uma fantástica
tecnologia digital para colocar a voz e o rosto de Cushing em seu
dublê de corpo, o ator britânico
Guy
Henry
(Harry
Potter e As Relíquias da Morte Partes 1 e 2).
Essa tecnologia não apenas resgatou um personagem clássico como
também aumentou a ligação do novo filme com o filme de 1977.
Da
mesma forma, foi utilizada a digitalização do rosto de Carrie
Fisher
(Os
Irmãos Cara-de-Pau)
em sua dublê de corpo, a norueguesa Ingvild
Deila
(de Vingadores:
A Era de Ultron),
para o papel da jovem Princesa Leia, sendo que a própria Carrie fez
a dublagem de voz. Com o recente falecimento da filha de Debbie
Reynolds
(Cantando
na Chuva),
cresce muito a emoção da plateia nessa rápida aparição da
namorada de Han Solo.
Rogue
One
vai se tornar um clássico da saga Star
Wars?
Ainda é muito cedo para dizer, mas sem dúvida, é um grande filme,
e uma excelente abertura para as comemorações do 40º aniversário
da saga assim como para o episódio VIII que irá estrear em dezembro
de 2017.
FICHA
TÉCNICA
-
Título Original: Rogue One: A Star Wars Story
-
Direção: Gareth Edwards
-
Elenco: Felicity Jones (Jyn Erso), Diego Luna (Cassian Andor), Riz Ahmed (Bohdi Rook), Ben Mendelsohn (Almirante Orson Krennic), Forest Whitaker (Saw Guerrera), Mads Mikkelsen (Galen Erso), Alan Tudyk (K-2SO), Spencer Wilding e Daniel Naprous (corpo de Darth Vader), James Earl Jones (voz de Darth Vader), Donnie Yen (Chirrut Imwe), Jiang Wen (Baze Malbus), Guy Henry (corpo de Gran Moff Tarkin), Peter Cushing (voz e rosto digitalizados), Anthony Daniels (C-3PO), Jimmy Smits (Bail Organa), Ingvild Deila (corpo da Princesa Leia Organa), Carrie Fischer (voz da Princesa Leia Organa), Genevieve O’Reilly (Mom Mothma)
-
Música: Michael Giacchino
-
Duração: 133 minutos
-
Ano: 2016
RESUMO
DO FILME
Passados
30 anos da queda da República Galáctica, uma Aliança Rebelde surge
para lutar contra o Império Galáctico. Um grupo de agentes rebeldes
tem a missão de roubar os planos da mais nova arma imperial, a
Estrela da Morte.
COTAÇÃO
Ótimo.
Veja
aqui o trailer oficial de Rogue
One: Uma História Star Wars
(Legendado – HD):
Publicado no LinkedIn em 08/01/2017.
Marcadores:
2017,
Alec Guiness,
Ben Mendelsohn,
Carrie Fisher,
Crítica,
Diego Luna,
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