domingo, 12 de setembro de 2021

A saga do menino Fidel e seu cavalo, Che


Fidel Canteros é um menino paraguaio de 12 anos que imigrou para a Argentina, na província de Misiones, junto com seu irmão mais velho para ganhar dinheiro e enviá-lo para ajudar sua mãe e irmã que vivem no Paraguai

Fidel Canteros trabalha no campo como peão e participa de corridas de cavalos vestido com uma camiseta de futebol com o nome do futebolista argentino Diego Maradona (1960-2020) e conduz um veloz alazão que é chamado de Che.

É nessa premissa simples, mas com elementos impactantes, que baseia-se o documentário Fidel, Niño Valiente (literalmente Fidel, Menino Valente), dirigido pelo estreante Mario Verón

Verón conta que, ao ouvir falar sobre a dupla Fidel Canteros e Che, viajou ao nordeste da Argentina - onde está localizada a província de Misiones - para ver de perto o menino e seu cavalo correrem em hipódromos (pistas de corridas para cavalos) improvisados e, segundo o cineasta, viu a ambos transformados em "cavaleiro e cavalo do povo".

Verón também conta que, além de sentir-se atráido por Fidel Canteros e Che, viu em Fidel, Niño Valiente a oportunidade de "falar da feroz desigualdade entre as condições de vida dos camponeses e o poder das grandes empresas multinacionais na provícia". 

O cineasta refere-se principalmente à multinacional Alto Paraná S. A., que, além de possuir 10% do território da província de Misiones (o equivalente a dez vezes a área da capital Buenos Aires), causa constantes desmatamentos (cujas cenas são mostradas em Fidel, Niño Valiente), o que desaloja os camponeses e as comunidades indígenas de seus lares e aldeias.

Para filmar Fidel, Niño Valiente, Mario Verón passou quatro meses na região - tendo, inclusive, passado o Natal e Ano Novo - para, segundo ele, "aproximar-se da sua dor para poder filmar. Algo que não tem nada a ver com heroísmo cinematográfico, mas que foi indispensável para contar esta história". Verón garante que escapou da espetacularização da miséria e da pena.

Quando perguntado se Fidel Canteros vestido com a camiseta de Maradona e o cavalo chamado Che são símbolos da luta dos humildes contra a opressão, Mario Verón responde que ambos representam a luta face ao injusto. 

E Verón acrescenta: "O que sabemos de Guevara (Ernesto "Che" Guevara, médico e guerrilheiro argentino e herói da Revolução Cubana. - N. do A.) juntamente com o sentido de classe de Maradona, é o de não esquecer sua origem e estar sempre ao lado dos mais fracos".

Fidel, Niño Valiente faz sua estreia comercial em 16 de novembro próximo em Buenos Aires. Ainda não há previsão para a sua estreia no Brasil.


Veja aqui o trailer oficial de Fidel, Niño Valiente (em espanhol e guarani com legendas em espanhol):



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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Wim Wenders é homenageado em Sarajevo


O cineasta alemão Wim Wenders foi homenageado no Festival de Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina, com o prêmio Coração de Honra por sua contribuição ao cinema.

Afastado das salas de exibição e do público há um ano e meio devido à pandemia do Covid-19, Wim Wenders disse que "Esta noite parece-me um sonho tornado realidade depois de um ano e meio sem sair de casa nem assistir um filme com outras pessoas. Custo a acreditar na sorte que finalmente tenho". 

Na cerimônia, Wim Wenders compareceu vestido de terno e uma camiseta com o desenho de um coração, que é o formato dos prêmios distribuídos no festival. Sobre esse mesmo formato, Wim Wenders comentou: "É assim que faço filmes, com o meu coração. Por isto que isto é especial para mim".

Wim Wenders ainda realizou uma masterclass no festival e houve exibição de vários de seus filmes tais como Paris, Texas (1984) e Buena Vista Social Club (1999).


Veja aqui o trailer oficial de Buena Vista Social Club dirigido por Wim Wenders (legendado - HD):



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quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Ken Loach é expulso do Partido Trabalhista Britânico

O cineasta inglês Ken Loach, 85 anos, conhecido por sua ideologia marxista, seus filmes politicamente e socialmente engajados, duas vezes vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes por Ventos da Liberdade (2006) e Eu, Daniel Blake (2016. Veja aqui uma matéria a respeito), foi expulso do Partido Trabalhista Britânico no qual era filiado desde a década de 1960. 

Depois de um tempo afastado da militância, Ken Loach voltou a ter participação ativa quando Jeremy Corbyn tornou-se líder do partido. Ambos, além de muitos outros militantes, dedicaram-se ao apoio à Palestina contra as agressões do Estado de Israel. Isso provocou um "racha" no partido e iniciou uma onda de difamação por membros da ala conservadora, que tem relações próximas com o estado judeu.

Dezenas de militantes do Partido Trabalhista foram suspensos ou expulsos. Em contrapartida, milhares de outros saíram do partido em um gesto de solidariedade e como resposta às perseguições lideradas pelo atual líder Trabalhista, Keir Starmer, a figuras do movimento sindical e de boicote a Israel.

Em sua página no Twitter Ken Loach disse sobre a sua expulsão que "(...) o quartel-general do Partido Trabalhista finalmente decidiu que não sou digno de ser membro do seu partido, já que me recusei a renegar aqueles que têm vindo a ser expulsos. Tenho orgulho de encontrar-me ao lado de bons amigos e camaradas, vítimas deste expurgo. É, sem dúvida, uma caça às bruxas... O Starmer e a sua turma nunca dirigirão um partido do povo. Somos muitos, eles são poucos. Solidariedade!".

Podemos ter certeza de uma coisa: além de solidário, Ken Loach é um homem fiel aos seus princípios. 


Veja aqui o trailer oficial de Eu, Daniel Blake, dirigido por Ken Loach e vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes (legendado - HD):



Veja aqui o trailer oficial de Você Não Estava Aqui, o mais recente filme dirigido por Ken Loach (legendado):



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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

ULTRAPASSAMOS AS 110.000 VISUALIZAÇÕES!!!


De qual modo Panorama do Cinema pode, mais uma vez, agradecer às cinéfilas e cinéfilos que nos honram com suas visitas e nos fizeram ultrapassar as 110.000 visualizações? A resposta é: independente de que maneira seja, nunca será suficiente. Por isso será aumentada a dedicação ao trabalho, trabalho esse dedicado a todos vocês, que compartilham o amor ao cinema conosco.

E como não poderia deixar de ser, vamos abrir nossa tradional champagne para celebrar:



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sábado, 7 de agosto de 2021

terça-feira, 3 de agosto de 2021

DC Super Hero Girls | Cuidado, vilania! As heroínas são demais no cinema!


DC Super Hero Girls é uma série em desenho animado de curta-metragem da DC Comics criada em 2019 (que dá sequência a uma série de mesmo nome lançada em 2015) o qual apresenta super-heroínas tais quais a Mulher-Maravilha, Supergirl, Batgirl e Abelha - assim como vilãs como Mulher-Gato, Giganta e Arlequina - como adolescentes que dividem seus deveres escolares e vida social com as tarefas de super-heroínas.

E como todas adolescentes que se prezem, as DC Super Hero Girls curtem roupas da moda, milk shakes, baladas, os gatinhos lindos da escola e, como não podia deixar de ser, cinema! Panorama do Cinema selecionou dois divertidos desenhos das DC Super Hero Girls que passam-se no escurinho da sala de projeção. E elas descobrem que ir ao cinema pode ser um desafio tão duro quanto enfrentar um supervilão!


DC Super Hero Girls - A Chata do Cinema 



DC Super Hero Girls - Confusão no Cinema



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domingo, 1 de agosto de 2021

Manifesto dos trabalhadores da Cinemateca Brasileira sobre o incêndio na unidade da Vila Leopoldina

CRIME ANUNCIADO! - O incêndio que acometeu o edifício da Cinemateca Brasileira na Vila Leopoldina na noite de 29 de julho de 2021 foi um crime anunciado, que culminou na perda irreparável de inúmeras obras e documentos da história do cinema brasileiro. Essas instalações são parte fundamental e complementar em relação ao espaço da Vila Clementino, onde se encontra armazenada a maior parte do acervo da Cinemateca Brasileira. Recentemente, em fevereiro de 2020, uma enchente já havia afetado grande parte do acervo documental e audiovisual lá depositado.

Há mais de um ano denunciamos publicamente a possibilidade de incêndio nas dependências da Cinemateca pela ausência de quaisquer trabalhadores de documentação, preservação e difusão. Houve o alerta sobre a chance de o sinistro ocorrer nos acervos de nitrato da Vila Clementino, pois trata-se de material inflamável que pode entrar em autocombustão sem revisão periódica. Não foi o caso deste, o quinto incêndio na instituição. No entanto, as causas são as mesmas. Seguramente, muitas perdas poderiam ter sido evitadas se os trabalhadores estivessem contratados e participando do dia a dia da instituição.

No próximo dia 8 de agosto completará um ano do abandono da Cinemateca Brasileira pelo Governo Federal e a demissão de todo seu corpo técnico, que sequer recebeu os salários não pagos e as rescisões pela anterior gestora, Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto - Acerp. Ainda assim foi noticiada a contratação de equipes de manutenção, bombeiros e limpeza. Apesar de serem fundamentais para o funcionamento do arquivo de filmes, não são suficientes para suas demandas específicas, como evidenciado neste dia fatídico.

A situação se torna mais crítica se pensarmos que essa ausência de equipe técnica especializada por um ano possivelmente teve consequências irreversíveis para o estado de conservação dos materiais. Certos danos são silenciosos, porém tão trágicos quanto um incêndio, e igualmente irrecuperáveis. Trata-se do tempo de vida dos diversos materiais, diminuindo drasticamente, e da perigosa deterioração dos filmes de nitrato e de acetato. Apenas com o retorno da equipe especializada será possível avaliar as extensões das perdas e danos para que então as atividades de conservação sejam retomadas.

O acervo que estava armazenado na Vila Leopoldina, apesar de em menor número, possuía igual relevância e importância ao da Vila Clementino. Abaixo listamos alguns dos materiais possivelmente perdidos ou afetados no incêndio de 29 de julho de 2021:

- Do acervo documental: grande parte dos arquivos de órgãos extintos do audiovisual como parte do Arquivo Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A. (1969 - 1990), parte do Arquivo do Instituto Nacional do Cinema - INC (1966 - 1975) e Concine - Conselho Nacional de Cinema (1976 - 1990), além de documentos de arquivo ainda em processo de incorporação. Para evitar que novas enchentes atingissem o acervo, parte desses materiais foi transferida do térreo para os depósitos climatizados no primeiro andar, principal área atingida pelo incêndio. Tal medida ocorreu após uma grave enchente em fevereiro de 2020. Parte do acervo de documentos oriundos do arquivo Tempo Glauber, do Rio de Janeiro, inclusive duplicatas da biblioteca de Glauber Rocha e documentos da própria instituição.

- Do acervo audiovisual: parte do acervo da distribuidora Pandora Filmes, de cópias de filmes brasileiros e estrangeiros em 35mm. Matrizes e cópias de cinejornais únicos, trailers, publicidade, filmes documentais, filmes de ficção, filmes domésticos, além de elementos complementares de matrizes de longas-metragens, todos estes potencialmente únicos. Essa parcela do acervo já havia sido parcialmente afetada pela enchente recente. Parte do acervo da ECA/USP - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo da produção discente em 16mm e 35mm. Parte do acervo de vídeo do jornalista Goulart de Andrade.

- Do acervo de equipamentos e mobiliário de cinema, fotografia e processamento laboratorial: além do seu valor museológico, muitos desses objetos eram fundamentais para consertos de equipamentos em uso corrente, pois, para exibir ou mesmo duplicar materiais em película ou vídeo, é necessário maquinário já obsoleto e sem reposição no mercado.

O incêndio da noite de ontem é mais um motivo pelo qual não podemos esperar para dar um basta à política de terra arrasada e de apagamento da memória nacional! Estamos em luto, pela perda de mais de meio milhão de brasileiros, e agora pela perda de parte da nossa história. Incêndio na Cinemateca Brasileira em 2016, no Museu Nacional em 2018 e, novamente, na Cinemateca em 2021. Além de todas as mortes evitáveis, nossa história vem sendo continuamente 2/3 extirpada – como um projeto. Infelizmente, perdemos mais uma parte do patrimônio histórico-cultural brasileiro.

A Cinemateca Brasileira não pode ficar à mercê de novas intempéries. A gestão da instituição por meio de terceirização via Organização Social, da forma como foi realizada, mostrou como pode ser frágil essa relação, e que tal modelo não dá conta da complexidade de um órgão cultural desse porte. O edital prometido pelo Governo Federal, sem debate, ferramentas de transparência, a participação da população, de pessoas da área de patrimônio cultural e, principalmente, do coletivo dos ex-trabalhadores da instituição, não será a solução. Alerta-se ainda que o orçamento anunciado é significativamente inferior ao necessário. É preciso estabilidade e garantia de equipe técnica a longo prazo, oferecendo à instituição um orçamento compatível com os necessários serviços de preservação e difusão do audiovisual brasileiro.

Sem trabalhadores não se preservam acervos!


Trabalhadores da Cinemateca Brasileira


São Paulo, 30 de julho de 2021


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quarta-feira, 28 de julho de 2021

Filmes para ver durante os Jogos Olímpicos


Os Jogos Olímpicos surgiram na Antiga Grécia por volta do ano 776 a.C. na cidade de Olímpia. Os jogos eram realizados a cada quatro anos, duravam cinco dias durante os quais eram disputadas provas como corridas e lutas e eram realizados em honra de Zeus, o maior dos deuses gregos. 

Os Jogos Olímpicos continuaram a serem disputados mesmo depois da conquista da Grécia pelo Império Romano. Duraram até o ano de 393 d.C. quando o imperador romano Teodósio I, convertido ao Cristianismo, proibiu a sua realização por considerá-los uma manifestação do paganismo.

O interesse pelos Jogos Olímpicos voltaria somente no século XIX de nossa era quando um jovem aristocrata francês que também era pedagogo e historiador, viu que o interesse pelos Jogos Olímpicos aumentava à medida que eram encontradas mais ruínas arqueológicas na Grécia. 

Em um congresso realizado em Paris em 1894, o jovem propôs que se organizasse uma competição multidesportiva nos moldes dos antigos Jogos Olímpicos a serem realizadas a cada quatro anos em um país diferente. A proposta foi aceita e o local escolhido para a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna foi o local de seu nascimento, a Grécia, no ano de 1896.

O aristocrata responsável pelo renascimento dos Jogos Olímpicos chamava-se Pierre de Frédy, mais conhecido pelo seu título de nobreza com o qual entrou para a história: Barão de Coubertin (1863-1937).

Panorama do Cinema fez, para esta época de Olimpíadas, uma seleção de filmes sobre os Jogos Olímpicos que, esperamos, acenda a chama do espírito olímpico dentro de todos nós. E como diz a famosa frase:

"O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade"


Olympia (1938)


De todos os filmes de nossa lista Olympia é, disparado, o mais polêmico. E não é para menos, pois trata-se do documentário oficial das Olimpíadas de 1936, realizadas em Berlim, capital da Alemanha, na época governada pelo ditador nazista e maníaco Adolf Hitler (1889-1945). A direção coube à cineasta e documentarista Leni Riefenstahl (1902-2003) que, em 1935, já havia deslumbrado e assustado o mundo com outro documentário: O Triunfo da Vontade, que retratava o congresso do partido nazista em Nuremberg.

Com cerca de três horas e quarenta e cinco minutos de duração, Olympia foi dividido em duas partes: a primeira chama-se "Fest der Völker" ("Festa dos Povos") e a segunda chama-se "Fest der Schönheit" ("Festa da Beleza"). Mostrava uma novidade que tornou-se uma tradição nas Olimpíadas seguintes: a condução da tocha olímpica para acender a pira do estádio. Mostrava também uma tradição que terminou: a saudação olímpica, que assemelhava-se demais com a saudação nazista e caiu em desuso.

Olympia é um filme que inovava em vários campos: foi a primeira vez que um competição esportiva era assunto de documentário, foram usadas técnicas avançadas de cinema inovadoras para a época (que depois tornariam-se padrão) tais como uso de ângulos de câmera inusitados, trilhos de filmagens para acompanhar corpos em movimento, câmera lenta, close-ups, cortes rápidos e câmeras subaquáticas que faziam imagens embaixo d'água.

É fato largamente conhecido que os nazistas usaram as Olimpíadas para propagandear sua odiosa doutrina. Olympia até hoje é objeto de discussão se, tal como O Triunfo da Vontade, seria uma obra de propaganda nazista. Embora apareça várias vezes a imagem de Hitler assistindo as provas disputadas no estádio, Leni tomou o cuidado de dar destaque igual tanto aos atletas alemães quanto aos estrangeiros, incluindo o negro estadunidense Jesse Owens (1913-1980), que conquistou quatro medalhas de ouro.

Ficaram famosas as brigas de Leni Riefenstahl com o infame ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels (1897-1945), que não queria que ela filmasse os atletas negros dos EUA, principalmente Jesse Owens. Mas, Leni ficou firme e não cedeu à pressão de Goebbels, no que fez muito bem, pois o mundo merecia e devia saber que a ideologia de superioridade de raças não passava de uma grandíssima estupidez.


Assista aqui um raro trailer de Olympia:




Carruagens de Fogo (1981)


A equipe de atletismo da Grã-Bretanha prepara-se para a disputa das Olimpíadas de 1924 em Paris, França. Entre os atletas, dois destacam-se: o escocês Eric Liddel (Ian Charleson, de Gandhi) e o inglês Harold Abrahams (Ben Cross, da saga Star Trek). Cada um tem os seus motivos para competir: Liddel, um cristão devoto, corre para a glória de Deus; enquanto Abrahams, um judeu, corre para superar o preconceito.

O nome Carruagens de Fogo foi baseado em uma frase do poeta inglês William Blake (1757-1827) que diz "Traga-me a carruagem de fogo" e de versículos da Bíblia Sagrada (2 Reis 2:11 e 6:17). 

O diretor Hugh Hudson (Greystoke, a Lenda de Tarzan) tem um grande trabalho de direção que gerou várias cenas poéticas e memoráveis dentre as quais destacam-se o discurso inspirador de Eric Liddel após uma corrida para um público composto de pessoas da classe trabalhadora (o ator Ian Charleson, morto precocemente aos 40 anos pela AIDS, estudou intensamente a Bíblia para preparar-se para o papel), Liddel sendo pressionado pelo comitê olímpico britânico e pelo Príncipe da Inglaterra para correr no domingo, o que não queria fazer por razões religiosas; o monólogo de Harold Abrahams no qual duvida de si mesmo antes de disputar a final dos 100 metros rasos e, por fim, a famosíssima cena dos atletas britânicos correndo descalços na praia.

Carruagens de Fogo conquistou quatro Oscars: Melhor Filme, Roteiro Original, Figurino e Trilha Sonora, composta pelo grego Vangelis, cujo tema do filme fez um sucesso tão grande que tornou-se um hino olímpico, tanto que foi executado na cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2012, realizadas em Londres, Inglaterra.


Veja aqui o vídeo oficial da música-tema de Carruagens de Fogo executada por Vangelis e com cenas do filme: 




Voando Alto (2016) 


Desde criança Eddie Edwards (Taron Egerton, de Rocketman) tem o sonho de ser um atleta olímpico pela Grã-Bretanha. Após tentar vários esportes, opta pelo salto em esqui para disputar os Jogos Olímpicos de Inverno de 1988 em Calgary, Canadá. O problema é essa é uma modalidade na qual os britânicos não se classificam desde 1928. Para ajudá-lo a realizar seu sonho, Eddie pede ajuda ao ex-atleta dos EUA e alcoólatra Bronson Peary (Hugh Jackman, da franquia X-Men). 

Um nerd quatro-olhos, troncudo, desengonçado e atrapalhado pode ser um herói olímpico? Voando Alto mostra que sim e também que, independente de ganhar ou não uma medalha, pode-se superar preconceitos e esteriótipos. Taron Egerton pegou todos os trejeitos e maneirismos do verdadeiro Eddie e tem uma atuação simplesmrnte ótima!

Leia a crítica completa de Voando Alto aqui.


Veja aqui o trailer oficial de Voando Alto (legendado - HD):




4x100: Correndo Por Um Sonho (2021)


Adriana (Thalita Carauta, de S.O.S. Mulheres ao Mar 2. Veja a crítica aqui) e Maria Lúcia (Fernanda de Freitas, de Malu de Bicicleta) são duas atletas que correm na equipe brasileira de 4x100 metros rasos que chegou à final dessa prova nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro e com chance de ganhar uma medalha. Porém, durante a corrida o bastão cai e a equipe perde a prova. Após os jogos, Maria Lucia continua como destaque do atletismo nacional, enquanto uma frustrada Adriana faz bicos em lutas de MMA. Entretanto, as Olimpíadas de 2020 em Tóquio, Japão, se aproximam e surge uma nova chance para as atletas conquistarem a sonhada medalha e obterem a redenção.

Dramas esportivos são muito raros no cinema brasileiro - com exceção de filmes sobre futebol - o que faz de 4x100: Correndo por um sonho, uma grata surpresa. O cineasta Tomas Portella (Qualquer Gato Vira-Lata) faz um bom trabalho de direção fugindo do padrão televisivo que costuma predominar em produções recentes de nosso cinema. Thalita Carauta dá um show de interpretação e a química com Fernanda de Freitas funciona à perfeição. 4x100: Correndo Por Um Sonho é um filme que vale a pena conhecer!


Veja aqui o trailer oficial de 4x100: Correndo Por Um Sonho (HD):



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quinta-feira, 22 de julho de 2021

Frank Grillo contra Mel Gibson em "Mate ou Morra", uma alucinante aventura no tempo


Roy Pulver (Frank Grillo, de Vingadores: Ultimato) é um agente especial que enfrenta assassinos de todos os tipos. Até aí poderia ser considerado os ossos do ofício, mas o problema é que isso acontece todos os dias que sempre terminam do mesmo jeito: com sua morte. A ex-esposa de Roy, Jemma (Naomi Watts, de Birdman), enviou-lhe uma mensagem dizendo que o cientista Ventor (Mel Gibson, da franquia Mad Max) está envolvido nesse ciclo infinito.

Com a participação da artista marcial Michelle Yeoh (O Tigre e o Dragão) e com direção de Joe Carnahan (Esquadrão Classe A), Mate ou Morra (título original Boss Level) é uma divertida aventura bem recebida pela crítica que mistura elementos da franquia Duro de Matar com Feitiço do Tempo (veja uma matéria sobre esse filme aqui) com uma pitada de vídeo game. 

Mate ou Morra tem estreia prevista para outubro de 2021 em dia ainda a ser definido.


Veja aqui o trailer oficial de Mate ou Morra (dublado - HD):



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quarta-feira, 21 de julho de 2021

Petra Belas Artes homenageia Richard Donner em retrospectiva


O Cine Petra Belas Artes, o mais prestigioso cinema de rua de São Paulo, apresenta, juntamente com sua programação normal, uma retrospectiva de alguns dos maiores sucessos do cineasta estadunidense Richard Donner, falecido em 5 de julho último aos 91 anos de idade (nasceu em 24/04/1930).

Richard Donner - cujo nome verdadeiro era Richard Donald Schwartzberg - iniciou sua carreira na TV, na década de 1960, quando dirigiu episódios de séries como Agente 86, Além da Imaginação; Guerra, Sombra e Água Fresca, O Agente da U.N.C.L.E. e, na década de 1970, na série Kojak

A estreia de Richard Donner no cinema foi em 1961, na aventura X-15, com Charles Bronson (franquia Desejo de Matar) e Mary Tyler Moore (Gente Como a Gente). Seu primeiro grande sucesso na tela grande foi com o terror A Profecia, em 1976, com Gregory Peck (Moby Dick) e Lee Remick (Vício Maldito).

A partir daí, Richard Donner dirigiu vários filmes de sucesso em gêneros diversos como a aventura infantil Os Goonies (1985), com Josh Brolin (franquia Os Vingadores); a comédia natalina Os Fantasmas Contra-Atacam (1988, veja aqui), com Bill Murray (franquia Os Caça-Fantasmas); o suspense Assassinos (1995), com Sylvester Stallone (de Rambo - Até o Fim. Veja a crítica aqui), Antonio Banderas (Dor e Glória) e Julianne Moore (Para Sempre Alice); e a ação 16 Quadras (2006), com Bruce Willis (franquia Duro de Matar), que foi o seu último trabalho na direção.

A retrospectiva que o Cine Petra Belas Artes apresentará sobre Richard Donner, é composta dos seguintes filmes:

  • Superman, o Filme (1978)
  • Superman II, a Aventura Continua (1980, mas com versão de Donner de 2006)
  • O Feitiço de Áquila (1985)
  • Máquina Mortífera (1987)

Também serão apresentados dois filmes produzidos por Richard Donner com direção de outros cineastas: 

  • Garotos Perdidos (1987), de Joel Schumacher
  • Um Domingo Qualquer (1999), de Oliver Stone, que esteve no último Festival de Cannes - veja aqui.

A retrospectiva será entre os dias 22/07/2021 e 27/07/2021. Para preços, horários e programação, consulte o site do Cine Petra Belas Artes.


Veja aqui o trailer origial de Máquina Mortífera (1987), dirigido por Richard Donner (original em inglês):



Veja aqui o trailer original de Superman, o Filme (1978), dirigido por Richard Donner (original em inglês):




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domingo, 18 de julho de 2021

Festival de Cannes 2021 | "Titane" ganha a Palma de Ouro


Após o cancelamento em 2020 devido à pandemia do Covid-19, o Festival de Cannes de 2021 foi uma edição marcada pelo equilíbrio, sem nenhum filme que despontasse como favorito. E o grande vencedor da Palma de Ouro, o prêmio máximo do maior festival de cinema do mundo foi para o filme francês Titane, da diretora Julia Ducournau (de Raw). É a segunda vez que um filme dirigido por uma mulher ganha o prêmio. A primeira vez foi em 1993, com o filme O Piano, da diretora neozelandesa Jane Campion

A nota cômica do festival foi a gafe do cineasta estadunidense Spike Lee (Infiltrado na Klan), presidente do júri deste ano, que anunciou o prêmio antes da hora.

Titane é o segundo longa para o cinema de Julia Ducorneau (seus trabalhos anteriores foram um curta-metragem e dois filmes para a TV). Titane conta a história de um pai, Vincent Legrand (Vincent Lindon, de Diário de Uma Camareira. Leia a crítica aqui), que está em busca de seu filho desaparecido há 10 anos e acaba por encontrar a jovem Alexia (a estreante Agathe Rousselle), que finge ser o filho de Vincent para esconder-se da polícia devido a um crime cometido. 

Alexia tem uma chapa de titânio na cabeça colocada para reconstruir seu crânio após um grave acidente de automóvel ocorrido na sua infância. A partir daí tem uma estranha atração erótica por automóveis. A cena em que Alexia faz amor com um carro fez de Agathe Rousselle a atriz-sensação do festival. 

Não foram poucas as comparações de Titane com um filme de premissa semelhante: Crash, Estranhos Prazeres (1996), do diretor canadense David Cronemberg (A Mosca), cujos trabalhos são reconhecidas influências da diretora Julia Ducournau.

Titane ainda não tem data de estreia prevista no Brasil.

Veja a seguir os vencedores dos principais prêmios do Festival de Cannes 2021:

  • Palma de Ouro: Titane (França)
  • Grande Prêmio: Ghahreman (Irã), Hytii nº 6 (Finlândia) 
  • Prêmio do Júri: Memoria (Tailândia e Colômbia), Ha'Berech (Israel)
  • Melhor Diretor: Leos Carax (por Annete - EUA)
  • Melhor Ator: Caleb Landry Jones (por Nitram - Austrália)
  • Melhor Atriz: Renate Reinsve (por Versden Verste Menneske - Noruega)
  • Melhor Roteiro: Hamagushi Ryusuke e Takamasa Oe (por Drive My Car - Japão)

Veja aqui o trailer oficial de Titane (legendado - HD): 



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sexta-feira, 16 de julho de 2021

Oliver Stone garante: "Prisão de Lula foi um projeto dos EUA"


O Festival de Cannes está a todo o vapor com suas habituais estreias de novos filmes e o desfilar de astros e estrelas de cinema. Dentre estes últimos destaca-se o cineasta e roteirista estadunidense Oliver Stone, duas vezes vencedor do Oscar de Melhor Diretor por Platoon (1986) e Nascido em Quatro de Julho (1989) e do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por O Expresso da Meia-Noite (1978). Oliver Stone está no festival do famoso balneário francês para lançar o seu mais recente filme, o documentário JFK Revisited: Through The Looking Glass (ainda sem título em português e sem data de estreia prevista).

Além das suas qualidades como diretor e escritor de roteiros cinematográficos, Oliver Stone é conhecido por ser um feroz crítico da política estadunidense e do "American way of life" ("modo de vida americano") como pode ser visto em filmes como Salvador, o Martírio de Um Povo (1986), a franquia Wall Street (1987/ 2010), Assassinos Por Natureza (1994), Nixon (1995), Um Domingo Qualquer (1999) e Snowden, Herói ou Traidor? (2016).

Oliver Stone tem fama de ser um artista "de esquerda", principalmente devido a filmes como Comandante (2003), uma entrevista com o então presidente de Cuba Fidel Castro (1926-2016); Ao Sul da Fronteira (2009), no qual retrata a ascensão de governos esquerdistas na América do Sul; Mi Amigo Hugo (2014), um documentário feito para a rede de TV venezuelana TeleSur em homenagem ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez (1954-2013), morto um ano antes; e a série televisiva A História Não Contada dos Estados Unidos (2012-2013).

JFK Revisited: Through The Looking Glass trata do assassinato do presidente dos EUA, John Kennedy (1917-1963), um tema que Oliver Stone já tinha abordado, mas de forma dramatizada, no filme JFK, a Pergunta Que Não Quer Calar (1991). Em entrevista à prestigiosa revista de entretenimento Variety, Stone diz que seu novo trabalho é um bom final para o filme de 1991, pois "amarra muitos fios soltos" e espera que afaste muito sobre "a ignorância sobre o caso e o filme".

Aos 74 anos de idade, Oliver Stone não pára. Seu próximo filme, que ainda não tem nome, mas tem previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2022, será sobre ninguém menos que o ex-presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva e sua condenação à prisão pelo ex-juiz Sérgio Moro. Segundo Stone, a prisão de Lula foi parte do projeto dos EUA de patrulhar o mundo. "É uma guerra em curso que está acontecendo", diz o cineasta. 

Oliver Stone queixa-se que a chamada grande mídia dos EUA é parcial com países governados pela esquerda, além de uma censura enorme auto-imposta pela indústria cultural. "A mentalidade ocidental agora é completamente anti-Rússia, anti-China, anti-Irã, anti-Cuba, anti-Venezuela. Não pode-se falar nada de bom sobre eles. O que mais está na lista? No Brasil, Lula foi para a cadeia, eles livraram-se do Lula. Eles policiam o mundo", complementa.

Pode estar certo de uma coisa, Oliver: qualquer semelhança entre a grande mídia estadunidense e a grande mídia brasileira, NÃO é mera coincidência...


Assista aqui ao trailer oficial de JFK Revisited: Through The Glass Door (original em inglês - HD):



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sábado, 12 de junho de 2021

Homenagem | Faleceu o ator e cineasta Julio Calasso


É com grande tristeza que Panorama do Cinema anuncia a partida de um talentoso artista brasileiro no dia de hoje: o ator e cineasta Julio Calasso. Até o momento em que este texto foi escrito, a causa da morte não tinha sido divulgada.

Julio Calasso nasceu em 1941, em São Paulo, e iniciou sua carreira artística no clássico O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla (1946-2004), no qual trabalhou como ator e assistente de produção. Os créditos de Julio Calasso como ator ainda incluem filmes como O Vampiro da Cinemateca (1977), de Jairo Ferreira (1945-2003); Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach (1945-2012), A Dama do Cine Shangai (1987), de Guilherme de Almeida Prado; a minissérie Me Chama de Bruna (2016) e Fala Sério, Mãe! (2017), de Pedro Vasconcelos, no qual contracenou com Ingrid Guimarães (Minha Mãe é Uma Peça: o Filme) e Larissa Manoela (Diários de Intercâmbio).

Como diretor e roteirista, Julio Calasso tem dois trabalhos em seu currículo: o drama Longo Caminho da Morte, (1971) com os atores Othon Bastos e Dionísio Azevedo (1922-1994) no elenco e pelo qual recebeu o prêmio de Melhor Roteiro Original da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA); e o documentário Plínio Marcos nas Quebradas do Mundaréu (2014), no qual conta a vida e obra do dramaturgo e escritor underground Plínio Marcos (1935-1999) e tem as participações da atriz Tônia Carrero (1922-2018) e dos atores Sérgio Mamberti (Castelo Rá-Tim-Bum, o Filme) e Nelson Xavier (1941-2017).

Julio Calasso também foi músico e produziu álbuns de artistas da MPB como Os Novos Baianos e Moraes Moreira, de Itamar Assumpção, da Vanguarda Paulista; e da banda de Rock Joelho de Porco.  

Com a partida de Julio Calasso, a vida cultural brasileira fica mais pobre e, nesta era das trevas em que vivemos atualmente, artistas como ele fazem muita falta. Que descanse em paz.


Veja, a seguir, os trailers dos filmes Longo Caminho da Morte e Plínio Marcos nas Quebradas do Mundaréu, ambos dirigidos por Julio Calasso:

Longo Caminho da Morte (1971):


Plínio Marcos nas Quebradas do Mundaréu (2014):


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sexta-feira, 11 de junho de 2021

Animação libanesa "bomba" na net e revoluciona cinema árabe


A Primavera Árabe foi um movimento político e social ocorrido em 2011 em países do Oriente Médio e norte da África (que possuem língua e cultura árabes) que gerou uma onda de protestos e revoluções que derrubaram ditadores e/ou pediam melhores condições de vida. Os países envolvidos no movimento foram Tunísia, Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e Omã. Em alguns desses países o processo revolucionário ainda está em curso.

A Primavera Árabe foi a principal inspiração para o recém-lançado desenho animado do Líbano Alephia 2053 feita pela empresa libanesa Spring Entertainment com a colaboração do estúdio francês de animação Malil'Art e tem a direção do cineasta Jorj Abou Mhaya.

Alephia 2053 conta a história do fictício país árabe Alephia no ano de 2053 que vive sob uma sangrenta ditadura liderada pelo tirano hereditário Alaa Ibn Ismail. O movimento de resistência elabora uma meticulosa operação para derrubar o ditador e envia seus agentes para executar o plano.

Em entrevista para o canal de notícias Euronews, o produtor Rabih Sweidan disse que a obra do quadrinista britânico Alan Moore (autor de Watchmen e V de Vingança, ambos transformados em filme) e a franquia Matrix foram igualmente grandes influências para a realização de Alephia 2053. Ele conta como surgiu a ideia para a animação:

"Não existe nada sobre o futuro, nunca ninguém fala sobre o que poderá ser. E essa foi a ideia, do tipo 'Não seria bom desenvolvermos algo que não fale de um passado improvável, mas, talvez, de um futuro plausível?' Foi assim que toda a ideia começou. Tudo gira à volta do questionamento: 'para onde vamos? Como seria o amanhã?'"

E acrescenta:

"A ideia do filme surgiu de uma pergunta: 'Como será o mundo árabe daqui a 20 ou 30 anos?' No meu modo de ver, o futuro é promissor. O filme tenta expressar isso através da classificação por cores: as cenas do final incorporam um tom gradiente mais vivo do que o tema escuro e poirento que predomina na primeira parte do filme".

Alephia 2053 foi muito bem recebido pela crítica local que considerou a animação "um marco" e "uma revolução" do cinema árabe.

Desde que foi lançado no YouTube, em 21 de março último (e até o momento em que este texto foi escrito), Alephia 2053 tem mais de 8 milhões de visualizações e continua a "bombar" na rede. Vale a pena conhecer esta interessante animação libanesa.


Assista aqui, na íntegra, Alephia 2053 (original em árabe com legendas em alemão, francês, inglês, italiano e português. Clique no botão "Detalhes" para configurar - HD):



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domingo, 23 de maio de 2021

Ultrapassamos as 100.000 visualizações!!!

 


Quando iniciei este blog chamado Panorama do Cinema, logicamente tinha esperanças que chamasse a atenção dos amantes da Sétima Arte para que dessem pelo menos uma olhadinha aqui. Mas, ultrapassar as 100.000 visualizações foi muito além do que eu esperava! Principalmente levando-se em conta que este é um trabalho independente e, dentro das possibilidades deste mesmo tipo de trabalho, feito com cuidado, capricho e, principalmente, amor e paixão ao Cinema.

E é a vocês, cinéfilas e cinéfilos de todas as partes, a quem devo agradecer por estes resultados maravilhosos. Deus abençoe a todos vocês e, de minha parte, comprometo-me a melhorar cada vez mais o trabalho neste espaço onde recebo sua honrosa e prestigiosa visita.

Como é de praxe, vamos comemorar com a nossa tradicionalíssima champagne!



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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Crítica: Unidas Pela Esperança | Coral Afinado


Kate (Kristin Scott Thomas, de Quatro Casamentos e Um Funeral) é a esposa de um coronel do exército britânico cujo filho, também militar, morreu em uma missão. Após seu marido partir para o Afeganistão, ela e sua amiga Lisa (Sharon Horgan, da série Criminal: Reino Unido), também esposa de um oficial, decidem organizar um coral juntas com outras esposas de militares como forma de manterem-se ocupadas enquanto seus maridos estão em serviço.

A premissa de Unidas Pela Esperança parte de um fato verdadeiro: The Military Wives Choir (Coral das Esposas Militares, em inglês ou, em uma tradução mais livre, Coral das Esposas de Militares) é um coral feminino composto de esposas de militares britânicos surgido em 2010 em uma base onde os oficiais e as mulheres residiam com suas famílias.

Em 2011, apresentaram-se em Londres na magnífica sala de espetáculos Royal Albert Hall, que contou com a presença do Príncipe Charles e de sua esposa, Camila Parker Bowes, quando interpretaram a canção “Wherever You Are” (“Onde Quer Que Você Esteja”), que depois entrou nas paradas de sucesso do Reino Unido. A ideia espalhou-se entre as outras bases que logo trataram de constituir seus próprios corais. Atualmente, há 75 corais ativos com cerca de 2200 membros.

O diretor Peter Cattaneo tem uma carreira sólida no cinema e TV britânicos. Alcançou a fama mundial, em 1997, com a comédia dramática Ou Tudo Ou Nada (The Full Monty, no original em inglês), o qual contava história de um grupo de amigos desempregados que decidem fazer um show de striptease em um clube de mulheres para conseguir algum dinheiro. Sucesso absoluto, o filme foi indicado para quatro Oscars: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original e Trilha Sonora, tendo conquistado este último.

Em Unidas Pela Esperança, Cattaneo tenta repetir a fórmula de seu maior sucesso, mas não é bem-sucedido. Não que o filme seja ruim, ao contrário. É bem dirigido e tem boas cenas tanto de drama quanto de humor, mas, neste quesito, falta aquele senso anárquico que fez com que Ou Tudo Ou Nada alcançasse o sucesso. Além disso tinha um tema que fazia com que milhões de pessoas identificassem-se com as personagens do filme: o desemprego, uma chaga que atingia praticamente todo o mundo e continua presente nesta era das trevas que vivemos hoje.

Já em Unidas Pela Esperança, as pessoas, em particular as mulheres casadas, até podem identificarem-se com as personagens femininas do filme, mas, ainda assim, é um tema que diz mais respeito aos britânicos, pois, volta e meia, estão envolvidos em alguma guerra, geralmente puxados para ela pelos EUA, que sempre dão um jeito do Reino Unido participarem com eles em algumas de suas campanhas militares.

Mas, como dito antes, Unidas Pela Esperança não é um filme ruim, principalmente devido às boas interpretações da dupla Kristin Scott Thomas e Sharon Horgan, que, no papel de uma esposa certinha até demais e outra não muito afeita a detalhes, são a espinha dorsal deste trabalho. Sem elas, provavelmente, Unidas Pela Esperança passaria batido pelas salas de cinema.

A trilha sonora com canções de artistas como a cantora estadunidense Cindy Lauper, da dupla inglesa Tears For Fears e, claro, das Military Wives, dão o clima descontraído ao filme. E, como não podia deixar de ser, a apresentação no Royal Albert Hall é o ponto alto de Unidas Pela Esperança.

Só para variar, o título do filme no Brasil deixa a desejar, visto que chama-se, originalmente, Military Wives. Em Portugal, deram o título de Mulheres de Armas. Chamem o pelotão de fuzilamento!

Unidas Pela Esperança não é a Grande Arte, mas vai agradar ao público em geral. É outro daqueles filmes que vai ajudar a aliviar o clima tenso que vivemos nestes dias de pandemia e de um governo fascista.

FICHA TÉCNICA
  • Título Original: Military Wives
  • Direção: Peter Cattaneo
  • Elenco: Kristin Scott Thomas (Kate), Sharon Horgan (Lisa)
  • RoteiroRachel Tunnard, Rosanne Flynn
  • Música: Lorne Balf
  • Fotografia: Hubert Taczanowski
  • Duração: 112 minutos
  • País: Inglaterra
  • Ano: 2019
  • Lançamento comercial no Brasil: 14/01/2021

RESUMO DO FILME
Esposas de oficiais das forças armadas britânicas reúnem-se para formar um coral.

COTAÇÃO
✪✪

Veja abaixo o trailer oficial de Unidas Pela Esperança (legendado - HD):



Veja aqui a apresentação das verdadeiras Military Wives no Royal Albert Hall (original em inglês - HD):



Publicado no AdoroCinema em 15/01/2021

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