terça-feira, 31 de outubro de 2017

Mostra Internacional de Cinema de São Paulo | Realidade Virtual, o Cinema do Futuro


A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é um dos mais tradicionais e importantes festivais de cinema do Brasil e do mundo, sempre apresentando os lançamentos de filmes mais recentes e novas tendências e tecnologias da indústria cinematográfica. E uma dessas novas tecnologias, que promete ser a grande onda para o cinema do futuro é a Realidade Virtual (RV).

RV não é algo novo. Se fizermos uma pesquisa pela internet, veremos que seus primórdios datam da década de 1950, mas foi na década de 1980, com o músico e cientista da computação estadunidense Jaron Lanier, considerado um dos precursores dessa tecnologia, que a RV deu o grande salto em frente com o uso de simuladores multi-usuários em ambiente compatilhado e equipamentos tais como capacetes e luvas digitais (que começaram a serem vendidas comercialmente em 1987) que permitiam tanto a imersão quanto a interação com esse novo mundo. Atualmente, é possível adquirir óculos especiais para RV em lojas de equipamentos eletro-eletrônicos e digitais de grandes fabricantes de telefones celulares, notebooks, tablets, etc.

Em 29 de outubro último, fui com minha namorada a uma sessão da 41a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no CineSesc, uma das melhores salas de cinema da capital paulista e, sem dúvida, do país. A sessão que escolhi chamava-se HTC apresentava quatro filmes de curta-metragem: a animação francesa Planet (Infinit), da França e dirigido pela cineasta japonesa radicada na França, Momoko Seto; Nothing Happens, animacão co-produzida por Dinamarca e França dirigido a quatro mãos pelo casal israelense Urit e Michelle Kranot; o documentário After Solitary, dirigido igualmente a quatro mãos pela jornalista e cineasta estadunidense Cassandra Herman e pela também estadunidense Lauren Mucciolo, cineasta e documentarista; e, por fim, mais um documentário, Out of Exile: Daniel's Story, de mais uma jornalista e documentarista estadunidense, Nonny de La Peña (indicada ao Oscar de Melhor Documentário de 1992 por Death On The Job).

As exibições desses curtas não foram na sala de exibição habitual do CineSesc e foi permitida a entrada de somente sete pessoas por vez, de modo que o ingresso - que era gratuito - devia ser retirado com uma hora de antecedência à sessão que iria ser assistida. Entramos por uma porta e subimos por uma escada onde estava instalada a sala para exibição das películas em RV.

Conforme vocês verão nas fotos abaixo, haviam cinco cadeiras giratórias com os óculos especiais e fones de ouvidos. Eu e minha namorada ficamos em pé, pois, segundo explicado, era necessário para a interação dos filmes que iríamos ver. Nas paredes, no alto, haviam duas pequenas caixas que, depois soube, transmitiam as imagens para os óculos. Também foi explicado que nos moveríamos durante a exibição, mas por um espaço limitado que poderia ser visto com os óculos especiais. Foram colocados os óculos, que, apesar de um pouco pesados, não eram desconfortáveis e cobriam os olhos por completo. Por sobre eles, os fones de ouvido.

Quando o equipamento foi ligado, surgiu um cenário branco cortado por linhas pretas que podia ser visto em um ângulo de 360 graus, alem de em cima e em baixo (esse ângulo de visão também aparecia nos filmes exibidos). Olhando para o chão era possível ver a linha branca que delimitava os movimentos.

O primeiro filme a ser exibido, foi Nothing Happens, que contava a história de pessoas que se reuniram para uma possível celebração em um dia de inverno, mas, como o próprio título já diz, nada acontece. O filme retrata a tremenda solidão nesse local isolado, com uma rotina triste.

O filme mostrava um descampado com várias árvores e corvos voando enquanto nevava. Era possível olhar para cima e ver a neve caindo além dos corvos voando bem para o alto. Algumas vezes apareciam cenas em uma árvore, com os corvos pousados nela e dentro de um buraco que, de vez quando, tremia e com pessoas de olhos esbugalhados que nos observava do lado de fora. Uma cena particularmente marcante é a revoada dos corvos na árvore.

O filme seguinte foi o documentário After Solitary, que contava a história de um ex-condenado por assalto em uma prisão dos EUA, de seu confinamento na solitária - que o leva a surtar - e da dificuldade em readaptar-se à vida normal após cumprir sua pena.

A tridimensionalidade do filme era impressionante, a começar pelo ex-condenado, que narrava a sua própria história e aparecia em tamanho natural. A cela da solitária foi reproduzida com uma perfeição clautrofóbica: muito pequena, com uma cama, uma mesinha, uma janela muito estreita, um vaso sanitário que precisava de limpeza e a porta de aço. Todos esses elementos ajudavam a reforçar a angustiante história.

A seguir veio Planet (Infinit). Esta animação mostrava um planeta na qual proliferam cogumelos gigantes e onde os insetos não conseguem sobreviver. Repentinamente, começa a chover e a chuva rapidamente se transforma em um dilúvio que inunda tudo. A chegada da água faz surgir os peixes e, então, tão rápido quanto a sua chegada, a água desaparece e os cogumelos retornam em um círculo infinito.

O filme mexeu bastante com a sensações. Vai de alto a baixo como uma montanha russa. A chegada da chuva fez com que "mergulhássemos" na água, onde podíamos ver o surgimento dos peixes que, foram crescendo até um tamanho gigante e ficavam nos olhando tão fixamente que davam a impressão que iriam nos atacar a qualquer momento, o que não aconteceu. Mas, se tivesse acontecido, é bem possível que tívessemos gritado...

Para terminar, veio o documetário Out of Exile: Daniel's Story, que contava a história de Daniel, um jovem gay que foi expulso de casa após revelar à sua família a sua orientação sexual e tornou-se um sem-teto até refazer a sua vida.

O filme mostrava uma animação computadorizada em tamanho natural bastante semelhante à de alguns games que reproduz o dia em que Daniel fez a revelação ao seus familiares. Há uma discussão e, em seguida, uma briga na qual o jovem é ofendido e fisicamente agredido por sua própria mãe. Quando a briga começou, nós nos afastamos, como se estivéssemos realmente testemunhando tudo. Após essa cena, apareceu o próprio Daniel dando um depoimento juntamente com outras pessoas da comunidade LGBT. E mais uma a tridimensionalidade das pessoas impressionou.

Posto tudo isso, posso afirmar a vocês: o atual 3D está morto, pois nenhum filme nesse formato pode competir com a RV. Basta imaginar como seria assistir a, por exemplo, um filme da saga Star Wars que venham a fazer em RV imergindo e interagindo com os personagens, os cenários e a trama de um modo que o 3D jamais conseguirá.

O que chateia é que filmes em  RV ainda vão levar um tempo para estarem disponíveis em escala massiva, pois os óculos especiais ainda são muito caros o que, por sua vez, encareceria o preço dos ingressos - que já não são tão baratos...

Ainda assim, o futuro é esse: é virtual e é uma realidade.

Veja abaixo as fotos do evento:




Cartazes das sessões dos filmes em RV



Cadeiras giratórias na sala de exibição


Notebook usado para a exibição dos filmes


Com os óculos especiais e os fones de ouvido




Os óculos especiais




Veja aqui o vídeo oficial da vinheta da 41a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (HD):



Publicado no LinkedIn em 31/10/2017.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Dica de Leitura | O Cinema Soviético - Uma Arte a Serviço da Cultura Popular


Panorama do Cinema vem com mais uma Dica de Leitura, na qual indicamos livros, revistas, matérias ou artigos relacionados ao cinema. E a nossa dica de hoje vai para o artigo O Cinema Soviético - Uma Arte a Serviço da Cultura Popular, que pode ser lido no jornal O Poder Popular nº 26, órgão oficial do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Esta é uma edição comemorativa ao centenário da Revolução Russa.

O artigo destaca o impulso dado ao cinema pelo líder da Revolução, Vladimir Lênin (1870-1924), que viu na Sétima Arte um poderoso instrumento de educação e de divulgação da Revolução Cultural; o desenvolvimento da indústria cinematográfica ao cargo da esposa de Lênin, a pedagoga Nadezhda Krupskaia (1869-1939) que culminou com a fundação da primeira escola profissional de cinema do mundo, o Instituto de Cinematografia de Todos os Estados da União, de onde veio o seu mais famoso aluno: o cineasta e filmólogo Serguei Eisenstein (1898-1948), cujos filmes desse período são verdadeiros clássicos do cinema soviético e mundial: A Greve (1924), O Encouraçado Potemkin (1925, considerado o maior filme de todos os tempos ao lado de Cidadão Kane, de Orson Welles) e Outubro (1927).

O Poder Popular nº 26 (assim como as edições anteriores), pode ser obtido gratuitamente por meio de download no site oficial do PCB. Acesse o link aqui.

                                       
Veja aqui o trailer de Outubro (legendas em espanhol):

                                            


Publicado no LinkedIn em 20/10/2017.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Algumas explicações, mais agradecimentos e novidades!


Amigas e amigos leitores de Panorama do Cinema

Talvez vocês tenham se perguntado o por que deste espaço ter demorado tanto a postar novas críticas e/ou artigos sobre filmes e cinema os quais sempre tem tido uma receptividade muito boa por parte de vocês, cinéfilos e cinéfilas.

Bem, foi devido a razões pessoais - que inclui motivos de saúde - que fui impedido de dar a continuidade desejada ao nosso querido blog.

Então, para compensar a demora, comprometo-me, com uma regularidade maior, a não só a voltar postar artigos como também as críticas, ainda que com atraso, de filmes como Mulher Maravilha, Um Gato de Rua Chamado Bob, O Jovem Karl Marx, entre outros.

Para finalizar, trago uma novidade que, acredito, irá alegrar todos aqueles que prestigiam este espaço: muito em breve, Panorama do Cinema terá o seu próprio site!

Ele está sendo preparado com todo o cuidado e carinho para que vocês, amigas e amigos amantes do cinema, tenham um lugar digno de seu prazer, entretenimento e deleite.

Vocês podem conferir o site em construção aqui ou na coluna ao lado.

Porém, o blog que vocês tem prestigiado nestes quase dois anos irá continuar, para ser usado, principalmente em notícias e matérias rápidas.

Agora, é aguardar com paciência que, asseguro, será recompensada.

Uma vez mais, muito obrigado por todo apoio, confiança e fé que vocês tem demonstrado em Panorama do Cinema.

Com amor

João Carlos Correia

Publicado no LinkedIn em 11/10/2017.


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

O Primeiro Beijo da História do Cinema



Se há uma cena de filme que é tão antiga quanto o próprio cinema é, sem dúvida, uma cena de beijo. Simbolo de amor, de carinho e até de traição, o beijo é imprescindível em um filme. Panorama do 
Cinema mostra para todos os seus leitores e leitoras o primeiro beijo em filme registrado no final do século XIX - mais precisamente em abril de 1896 - por ninguém menos que o genial inventor estadunidense Thomas Edison.

Divirtam-se e beijos para todos!



Publicado no LinkedIn em 04/10/2017.